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Sebo bovino

Selo Social incentiva agricultores familiares a dar destino para o sebo


Assessoria Embrapa - 13 set 2016 - 15:57

Além das vantagens econômicas, ambientais e sociais a gordura animal tanto para os agricultores familiares quanto para as usinas que produzem biodiesel já é uma realidade na cadeia dos biocombustíveis. Esta iniciativa dentro do Programa do Selo combustível Social começou em dezembro de 2014 e após um ano já se obtém resultados.

A parceria incentivada dentro do Programa entre a indústria e o agricultor familiar colabora para um destino mais nobre e sustentável para esse resíduo que agora também está se tornando um biocombustível. O biodiesel é um combustível produzido de óleos vegetais ou gorduras animais, que a partir de uma reação química.

A pesquisadora Itânia Soares da Embrapa Agroenergia, explica que a utilização da gordura animal para a produção do biodiesel é importante. A pesquisadora salienta que existe diferença na característica de produção do biodiesel a partir das gorduras animais e do óleo de soja. “O sebo tem a capacidade de gerar energia, mas não pode ser utilizado por inteiro por ser menos fluído do que o de soja”. Ela explica que ele é sempre adicionado com uma pequena porcentagem de 20% de sebo mais o de soja. “O óleo proveniente da gordura animal se solidifica e com a temperatura ambiente poderá ocorrer problemas nos motores que utilizam esse biocombustível”.

Com qualquer tipo de óleo e gordura você pode produzir o biodiesel, no Brasil ele é ele é produzido especialmente da soja, em torno de 75% a 80% da fonte utilizada vem do óleo de soja que é complementada com outros óleos e gorduras. Cerca de 15 a 20% é gordura bovina e o resto é complementado com óleo de algodão e gorduras animais.

Benefícios

O incentivo já é realidade na comunidade Curupati-Peixe em Jaguaribara no Ceará. Neste pouco tempo de parceria, passou de 20 para 600 tanques de peixe com tilápia, que tem sua economia baseada nessa produção. “Para nós foi muito bom, antes a gente poluía o meio ambiente, agora começamos a recolher a vísceras e vender para a Petrobrás”, conta o presidente da Cooperativa da Comunidade, Ernesto Góes. Para atender o Programa, a cooperativa pesca mensalmente 50 toneladas de Tilápia. Segundo o presidente, a intenção dos cooperados é instalar uma máquina para beneficiar o óleo e conseguir um preço ainda melhor.

As empresas que participam ganham o selo combustível social e os agricultores contratos prévios que funcionam como uma forma de garantia de venda da produção e a prestação de assistência técnica para beneficiários. “Eles precisam estar dentro da regra, uma vez habilitado podem começar o processo de fornecimento para que possam ganhar assistência técnica e firmar contrato”, ressalta Marco Pavarino, Coordenador de biocombustíveis da Secretaria Especial de Agricultura Familiar da Casa Civil.

Para a Petrobras não é diferente, o benefício de ter o Selo é bem interessante. “A intenção agora é expandir e comprar outros tipos de suprimentos que precisam ser competitivas. Eu acho que o nosso programa de biodiesel nasceu além de benefícios econômicos, nasceu com a ideia de promover um desenvolvimento das nossas usinas e é isso que a gente sempre procurou, sempre com viés de competitividade econômica para a produção, mas também, promovemos o desenvolvimento regional e é essa a nossa grande missão interna” concluiu Guilherme Romeiro. Outras gorduras animais já estão em testes nos laboratórios para ampliar a inserção das gorduras animais.

Programa

O Selo combustível Social teve dois grandes objetivos: O primeiro foi inserir o biodiesel na matriz produtiva do país, e o outro foi a oportunidade de trazer a inclusão social e produtiva para os agricultores familiares. Neste programa, tanto as usinas que participam quanto os agricultores obtém vantagens. De acordo com Marco Pavarino, o ingresso do agricultor familiar na produção de óleo com gorduras animais é uma inovação. “Da mesma forma que ele participa vendendo a matéria-prima como a soja, macaúba e o dendê, agora ele vai poder também participar com gordura animal como, por exemplo, nos arranjos que a empresa fizer com produção de gado, frango e peixe”, conta.

Apesar de estar bem no começo os resultados já são satisfatórios, algumas cooperativas já produzem o óleo de frango na região sul do país, em torno de 250 a 300 famílias já estão neste arranjo inicial. “Para o ano de 2016, é esperado que algumas empresas apresentem projetos comerciais com a agricultura familiar na área de gado”, destaca Pavarino.

Para o administrador da Petrobrás Guilherme Romeiro, recolher todo esse óleo é um benefício ambiental porque você consegue destinar todo o óleo para a produção do biodiesel ganhando assim o selo combustível social. “Foi bom em vários aspectos, primeiro porque é um benefício ambiental e fazemos o aproveitamento do material para produzir o biodiesel, mas a cooperativa precisa estar cadastrada no Programa. Quando a gente compra o óleo de peixe a cooperativa tem que estar dentro das regras, e estando habilitada, conseguimos fazer toda a contabilização do valor que compra de matéria prima e o valor entra como respaldo nosso e assim conseguimos o selo combustível social” afirma.

Os agricultores que tiverem interesse em participar devem procurar a Coordenadoria de Biocombustíveis para saber das regras e fazer o cadastro. E estando habilitado, já pode começar o processo de fornecimento.

O programa Prosa Rural pode ser ouvido aqui: