Algo de muito inesperado está acontecendo no Amapá. Quase que de uma hora para outra, o estado da Região Norte despontou como uma potência no mercado nacional importação de óleo diesel. Dos cerca de 1,22 milhão de m³ que entraram no país mês passado, 16% – mais de 194,2 mil m³ – foram nacionalizados por meio do estado. Apenas um ano antes, a participação do Amapá não chegava a 3% do total.
Tudo mudou em abril de 2023. Naquele mês, o estado recebeu perto de 110 mil m³ de óleo diesel importado; o que equivalia a 11,9% do volume total que foi importado pelo país naquele mês. De lá para cá, o Amapá consolidou sua posição entre as maiores portas de entrada do derivado no mercado brasileiro.
Até entre os próprios importadores, o salto repentino chamou atenção. “O aumento da internação de diesel A pelo estado do Amapá é, de fato, surpreendente”, concorda Sérgio Araújo, presidente executivo da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) acrescentando que nenhum dos associados da entidade vem operando pelo estado.
Conexão russa
A ascensão do Amapá como um grande polo importador de diesel está intimamente ligada a um outro fenômeno recente do mesmo mercado: a ascensão da Rússia como maior fornecedor de diesel para o Brasil. O país europeu que, até o ano passado, tinha participação apenas marginal do mercado nacional – não são raros os anos em que a venda de diesel russo para o Brasil aparece zerada – saltou para a primeira colocação capturando mais de metade da demanda nacional em 2023.