Agricultores esperam safra recorde de canola no RS
O Rio Grande do Sul deve ter a maior safra de canola da história, estima a Emater. A produção estimada no Estado é de 226,5 mil toneladas, quase o dobro do registrado no ano passado, quando as lavouras enfrentaram a estiagem e a colheita terminou com 113,8 mil toneladas do grão.
Nas lavouras, já é possível ver a típica coloração amarela, o que indica a floração da planta. O RS já é o principal produtor de canola do Brasil. Depois da etapa da floração, começa a formação das vagens e dos grãos que, mais tarde, serão transformados em óleo de cozinha e biodiesel.
De toda a produção do Estado, 90% está no noroeste gaúcho. Neste ano, a área de plantio será maior: saltou de 77 mil para 135 mil hectares dedicados à cultura, na comparação com o ano passado.
Um dos agricultores que ampliou a produção foi Miguel Nedel, do município de Giruá, de 16 mil habitantes. Na propriedade dele, o espaço dedicado ao grão subiu para 900 hectares. No ano passado, eram 300.
“Fizemos as contas com a empresa que recebe (a produção) e vimos que valia muito a pena. A questão da viabilidade da cultura neste ano ficou muito interessante”, disse.
O otimismo tem a ver com a abertura do mercado internacional para o grão. Apesar da quantidade de exportação ainda ser relativamente pequena, já existem negociações para ampliar o volume nos próximos anos.
Conforme Vantuir Scarantti, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Canola, o planejamento da próxima safra prevê crescimento compatível para atender os mercados da alimentação, com óleo comestível, e de biodiesel.
“Para isso realmente está se planejando um crescimento importante da canola no Estado nos próximos anos”, afirma Scarantti.
De olho nesse mercado, muitos agricultores optaram por cultivar o grão pela primeira vez.
“Plantamos 23 hectares para experimentar no primeiro ano e estou gostando muito do início da planta até agora. Estou confiante no que eu plantei esse ano, porque botei o produto na lavoura e fiz um bom manejo como os técnicos orientaram”, afirmou Mário Dolindos Dudar, agricultor de Santa Rosa.
Como estão as lavouras
Os dias sem sol atrapalharam algumas lavouras por causa da falta de luminosidade durante o período de desenvolvimento das plantas. Mesmo assim, a expectativa é de estabilidade até a colheita, disse Gilmar Vione, engenheiro agrônomo da Emater:
“Tem casos pontuais de lavouras mais desuniformes na região. Nas Missões, onde aumentou a área da canola nesse ano, acreditamos estar dentro da normalidade e a expectativa de produtividade está dentro do normal”, garante ao agrônomo.
No momento, a Emater estima uma produtividade média de 30 sacas por hectare. Mas, no campo, os produtores estão mais confiantes.
“Se o tempo continuar colaborando, como foi até agora, eu espero colher de 30 sacas para mais por hectare”, disse Dudar.
“Fizemos um investimento para colher acima de 40 sacas por hectare. Até hoje está excelente. Eu acredito que vai dar tudo certo e vamos conseguir ultrapassar essa essa faixa”, completou Nedel.
Everson Dornelles – GZH