Embrapa e Bunge firmam parceria para desenvolver canola em áreas tropicais
A Embrapa Agroenergia, a Bunge, a Advanta e a Orígeo estão somando esforços na tentativa de adaptar a canola às condições climáticas do Brasil. Nessa quarta-feira (19), o grupo informou ter formalizado uma parceria público-privada para desenvolver um projeto chamado Redecanola com o objetivo de desenvolver o pacote tecnológico para permitir o plantio da oleaginosa em áreas do cerrado e na região do Matopiba.
O projeto de pesquisa vai avaliar ensaios de competição de híbridos de canola em sistema de cultivo tropicalizado e selecionar cultivares para cultivo da soja na safrinha da soja em sistema de sequeiro e irrigado em diferentes regiões do Brasil. Também serão coletados dados para aperfeiçoamento do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura no Brasil e desenvolvidos estudos de sustentabilidade.
Segundo o líder do projeto e chefe-adjunto de P&D da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola, a indústria de biocombustíveis está para entrar num período de expansão tanto no Brasil quanto no mundo movida pelo crescimento da adição de biodiesel no óleo diesel mineral e pela consolidação da demanda por diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF) o que exigirá a diversificação da oferta de matérias-primas para o setor.
Terceira maior
Também conhecida como colza, a canola é a terceira principal fonte de óleos vegetais do mundo – atrás apenas da palma-de-óleo e da soja. Segundo dados do governo dos Estados Unidos, a cultura correspondeu a quase 15% da oferta global de óleos no ciclo 2022/23.
No total, foram colocados 32,3 milhões de toneladas de óleo de canola num mercado que movimentou um total de 217,6 milhões de toneladas.
Nesse sentido, a canola é uma opção particularmente promissora para o Brasil, especialmente como uma cultura para a safrinha de inverno. “A canola é (...) uma opção interessante para cultivos safrinha em sucessão à soja ou ao milho, com plantio entre os meses de fevereiro e abril, dependendo da região. A qualidade dos produtos e subprodutos da cadeia da canola, a crescente demanda por óleo e o preço dos grãos pareado ao da soja fazem o cultivo da canola ser uma excelente oportunidade para os produtores de grãos do Brasil e para a agroindústria, principalmente do cerrado”, explicou Laviola.
Segundo Bruno a canola é uma opção de cultivo para pelo menos 20% da área plantada com soja e pelo milho de 1ª safra – aproximadamente 50 milhões de hectares.
Na última safra, a Conab estimou a produtividade das lavouras de canola no Brasil em 1.591 quilos por hectare; se esse número for extrapolado para esses cerca de 10 milhões de hectares a produção do grão chegaria a 15,6 milhões de toneladas.
A Embrapa já vem trabalhando com a adaptação da canola à realidade do Brasil há vários anos.
Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com
Com informações da Embrapa