Produtores de soja devem abandonar lavouras no Rio Grande do Sul
Enquanto as perdas causadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul ainda são contabilizadas, produtores de soja no Estado tentam finalizar a colheita no Estado na medida do possível. Até esta quinta-feira (16), os trabalhos em campo atingiram 85% da área, versus 78% da semana passada e 91% colhidos em igual período do ano passado, informa a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado (Emater-RS).
Ainda que na última semana o volume de chuvas foi menor e permitiu a abertura de janelas para a realização da colheita, a qualidade dos grãos caiu “drasticamente” segundo a Emater. Além disso, o órgão espera que muitos produtores desistam de continuar com as operações em campo.
“O avanço [da colheita] provavelmente será pouco significativo nos próximos dias, já que muitas lavouras, dos 15% restantes, devem ser abandonadas em razão da inviabilidade econômica, ou seja, a colheita dessas áreas não cobre os custos da operação, o frete e os descontos aplicados no recebimento pelas cerealistas”, disse a Emater, em boletim.
Além disso, à medida em que muitos agricultores optam por adiar a colheita, as perdas esperadas para a safra aumentam, já que o retardo das máquinas em campo provoca a abertura de vagens, a germinação de grãos e ainda favorece a proliferação de fungos.
“O excesso de chuvas, desde o final de abril, afetou a parcela de 24% [das lavouras] que restavam ser colhidos no Estado. Essas lavouras apresentam perdas que variam de 20% a 100%. Os prejuízos serão maiores nas regiões centro, sul e oeste do Estado, onde grandes extensões ainda não haviam sido colhidas”, pontuou a empresa de assistência técnica rural.
Por fim, a Emater não mudou sua estimativa de produtividade para as lavouras de soja gaúchas, que permaneceu em 3.329 quilos por hectare. No entanto, alertou que ela deverá variar negativamente, a depender do rendimento observado nos campos que ainda serão colhidos, e também aqueles em que as perdas são irreversíveis.
A projeção para safra de soja em 2023/24 permanece em 22,2 milhões de toneladas. Em contrapartida, agentes de mercado já dão como certa uma colheita abaixo das 20 milhões de toneladas.
Paulo Santos – Globo Rural