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Caminhões elétricos serão mais baratos que os movidos a diesel até 2035, projeta EUA


EPBR - 10 mar 2022 - 09:06

Estudo do Departamento de Energia (DOE, sigla em inglês) afirma que, até 2030, quase metade dos caminhões médios e pesados serão mais baratos de comprar, operar e manter, como veículos de emissão zero, do que os tradicionais movidos a diesel.

O documento foi publicado na segunda (7/3), um dia antes de Joe Biden anunciar a proibição da importação de óleo, gás e carvão da Rússia, como forma de sanção aos ataques na Ucrânia.

A crise de suprimento de petróleo tem movimentado a política dos EUA, ao mesmo tempo em que a gestão Biden tenta avançar com sua plataforma de ‘reconstrução verde’ – onde um dos focos é a eletrificação.

  • A Lei de Infraestrutura Bipartidária autorizou mais de US$ 7 bilhões para investimento na cadeia de suprimentos de baterias nos próximos cinco anos;
  • Também autorizou US$ 7,5 bilhões para expandir a rede de carregamento de veículos elétricos do país para até 500 mil estações de carregamento.

O estudo publicado esta semana conclui que avanços em tecnologias de células a combustível e produção de hidrogênio limpo vão baratear o custo de caminhões de zero emissão, aumentando também a oferta no mercado na próxima década.

Jennifer M. Granholm, secretária de Energia dos EUA, diz que a pesquisa aponta um caminho para as empresas de transporte rodoviário mudarem do diesel para o elétrico.

“A abordagem abrangente da administração Biden está trabalhando para tornar o transporte limpo uma realidade – reduzindo a exposição aos preços voláteis dos combustíveis, investindo na fabricação americana e criando uma rede nacional de recarga para dar suporte a mais veículos elétricos nas estradas”, comentou na segunda.

De acordo com o documento, até 2035 será possível alcançar ampla competitividade de custos de veículos médios e pesados de emissão zero.

Além disso, os custos de caminhões médios e pesados elétricos de emissão zero serão iguais ou inferiores aos dos caminhões a diesel.

“Espera-se que os caminhões elétricos a bateria se tornem competitivos em custo para caminhões menores antes de 2030, enquanto caminhões pesados com menos de 500 milhas de alcance devem ser competitivos em custos até 2035”, explica o DOE.

No Brasil, o foco é bio. O discurso mais frequente da gestão Bolsonaro é que o Brasil tem uma série de opções para descarbonizar o transporte e a eletrificação não é a principal delas.

“Durante a Conferência do Clima [COP26], um cuidado que nós tivemos é não ir na rota única do elétrico em detrimento a outras muitas rotas como é a do biocombustível”, disse Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente, nesta quarta (9/3), durante a Abertura de Safra Cana, Açúcar e Etanol 2022/23 da Datagro.

Para o ministro, o mundo está apostando em uma rota única e a eletrificação pode até ser uma realidade para alguns países, mas não é para o Brasil.

“Nós defendemos todas as rotas”, disse, citando também os veículos a biometano, alternativa que vem sendo levantada para ônibus e caminhões.

O governo prometeu lançar ainda este mês o Metano Zero, programa para incentivar o uso do gás gerado a partir de resíduos urbanos e agrícolas.

“A solução para mudança do clima não é proibir, reduzir, multar. É empreender, inovar e acelerar”, completou. Vale lembrar os resultados dessa política até o momento

Paralelamente, algumas iniciativas para eletrificação do transporte pesado correm em outras frentes no Brasil.

No mês passado, Ministério do Desenvolvimento Regional, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e WRI Brasil lançaram um guia de eletromobilidade para ajudar as cidades que querem estruturar projetos para ônibus elétricos.

Em 2021, o Brasil também recebeu uma proposta para participar do E-Motion: E-Mobility and Low Carbon Transportation – projeto que pretende mobilizar 914 milhões de euros para financiar frotas e infraestrutura necessária para carregamento de veículos elétricos de uso intensivo (ônibus, táxis e veículos comerciais leves) na América Latina.

Desenhado por agências de desenvolvimento europeias, planeja utilizar aportes do Fundo Clima. O Ministério de Minas e Energia se posicionou pela preservação da opção pelos biocombustíveis, frisando que a participação na iniciativa não deve dar “margem ao entendimento de adesão” do governo a um modelo de eletrificação, que não reflete “integralmente o planejamento energético nacional”.

Aviação internacional também está na corrida por alternativas. Ontem (8/3), a fabricante de aviões europeia Airbus e a mineradora australiana Fortescue fecharam um acordo para avaliar a redução de emissões de CO2 da aviação com o uso de hidrogênio verde.
Um dos objetivos da parceria é colocar uma aeronave à base de hidrogênio em operação até 2035.

Nayara Machado – EPBR