USDA publica projeções de longo prazo para produção de biodiesel nos EUA

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) publicou essa semana suas projeções de longo prazo para alguns dos principais produtos agrícolas norte-americanos. Entre os quais, o biodiesel. O documento tenta antecipar os movimentos do mercado com horizonte até 2027.

O relatório não antecipa um aumento expressivo no tamanho do mercado. A expectativa é que o mandato – que atualmente está em 7,5 bilhões de litros – fique onde está pelos próximos 10 anos. Isso limita severamente as perspectivas de crescimento da indústria norte-americana.

De janeiro a novembro – os dados finais ainda não estão disponíveis – as usinas dos EUA haviam fabricado 5,5 bilhões de litros de biodiesel

No curto prazo, é esperado que a produção ocupe o espaço que vinha sendo ocupado pelo biodiesel da Argentina e da Indonésia – fornecedores do grosso dos 1,41 bilhão de litros que o mercado norte-americano importou no até novembro. Em outubro, o Departamento de Comércio dos EUA passou a tarifar as exportações de ambos os países. A partir de 2019, no entanto, essa janela de crescimento não deverá estar mais disponível.

Sem novos acréscimos ao mandato específico, a produção de biodiesel ainda poderá crescer sobre os volumes das metas de biocombustíveis avançados previstas no Renewable Fuel Standard (RFS) ¬– a Agência de Proteção Ambiental considera que o biodiesel se qualifica nessa categoria. Isso abriria espaço para mais 2,4 bilhões de litros em crescimento da produção.

Soja

O óleo de soja deve se manter como a principal matéria-prima do biodiesel para as usinas dos Estados Unidos. Sua participação vai crescer ao longo da primeira metade do periodo atingindo um platô depois disso.

A partir da temporada 2021/22 cerca de metade da produção anual norte-americana – 3,78 bilhões de litros – serão produzidos a partir do processamento do grão [veja gráfico]. Em termos brutos, a demanda deverá se estabilizar em cerca de 3,28 milhões de toneladas.

Apesar disso, a participação da indústria de biodiesel na demanda por óleo de soja no mercado norte-americano deve perder espaço. Segundo as projeções da USDA, nessa temporada, cerca de 31,1% de todo óleo fabricado nos EUA a partir do grão deve ser transformado em biocombustível. Essa fração vai recuar ano a ano até atingir 28,6% na safra 2027/28.

Etanol

No mercado e etanol, as perspectivas de longo prazo também são de enfraquecimento. A demanda deve continuar crescendo até meados do período observado, depois disso a queda na demanda por gasolina deverá começar a puxar para baixo as vendas de etanol.

Ao final do periodo, a produção deverá retornar aos mesmos níveis que apresentava na temporada 2016/17.

Biocombustíveis no mundo

De um modo geral, o mercado global de biocombustíveis deve continuar avançando durante os próximos 10 anos, mas a um ritmo mais baixo do que no passado.

A desaceleração reflete principalmente os preços mais baixos do petróleo que tornam os biocombustíveis menos competitivos frente aos produtos convencionais. Além disso, muitos países que já possuem políticas de biocombustíveis também se mostram avessos a novos incrementos a medida em que têm dificuldades em ampliar a produção de matérias-primas.

Por isso, o mercado deverá permanecer concentrando nos Estados Unidos, Brasil e União Europeia. China, Argentina, Tailândia, Canadá e Indonésia devem manter o crescimento, mas sem disputar a liderança.

Uma cópia do relatório “USDA Agricultural Projections 2027” pode ser acessada clicando aqui.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com{/viewonly}