Japão quer criar créditos para pequenos
O Japão planeja oferecer créditos de carbono para empresas de pequeno e médio portes do país que utilizarem energia renovável ou investirem diretamente em projetos que reduzam os gases de efeito estufa, que provocam o superaquecimento do planeta.
O Ministério do Meio Ambiente do país pretende anunciar, até outubro, os créditos de Reduções Certificadas de Emissões (RCE), segundo informações concedidas sob condição de anonimato, já que a estratégia pública ainda não está completa. Esses créditos serão comercializados através de uma plataforma de internet desenvolvida pelo órgão.
Os créditos japoneses seriam similares aos chamados créditos de carbono negociados através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), do Protocolo de Kyoto, que permite que os países ricos comprem créditos de projetos de redução de gases-estufa nos países em desenvolvimento. Ao contrário da Europa, onde os governos impõem tetos de emissões de gases, as empresas japonesas cumprem voluntariamente as metas de reduções. Segundo fontes, o governo analisa se esses créditos poderão ser trocados por créditos do MDL.
“Se as empresas puderem trocar os créditos japoneses pelos créditos da ONU, elas terão um incentivo a mais para utilizar combustíveis renováveis”, disse Kuniyuki Nishimura, diretor de pesquisa da divisão de aquecimento global do Instituto de Pesquisa Mitsubishi, de Tóquio.
A Lumine, administradora de um centro de compras em Tóquio, compensará suas emissões comprando RCEs da prefeitura de Kochi assim que os créditos forem criados, informou o portavoz do grupo, Masako Masuda. A prefeitura dessa cidade, na região sudoeste da ilha de Shikoku, deverá receber os créditos por financiar a substituição do carvão por biodiesel a um fabricante de cimento local. A Lumine é subsidiária da East Japan Railway.
Os ministros do Meio Ambiente e do Comércio do Japão revelaram recentemente uma série de propostas de comercialização de créditos de carbono depois que o primeiro-ministro, Yasuo Fukuda, afirmou, no mês passado, que deseja que o país tenha um mecanismo que englobe um amplo leque de setores da economia japonesa — e não apenas os maiores emissores, como o setor elétrico, como ocorre hoje.
Em abril, o governo japonês criou o Japan Carbon Offset Forum, um órgão independente para validar os projetos RCEs.
Gustavo Lourenção
