BiodieselBR.com - Conteúdo Patrocinado 15 out 2025 - 14:28

Embora não esteja entre os pioneiros do setor de biodiesel – a usina de Lapa (PR) só entrou em operação em 2013 –, o Grupo Potencial não se fez de rogado. Em 12 anos, investiu para que sua usina de Lapa (PR) assumisse a liderança do setor com seus já impressionantes 900 milhões de litros anuais em capacidade instalada que, em breve, devem saltar para 1,6 bilhão de litros ao ano. Ela será a primeira usina de biodiesel do país a atingir essa escala produtiva.

De quebra o grupo também está colocando uma esmagadora de soja e uma usina de etanol de milho. Para sublinhar essa mudança no escopo de seus negócios de bioenergia, a Potencial Biodiesel está se tornar a Potencial Agro.

Para entender essa transição na participação do Grupo Potencial no mercado de energia, BiodieselBR.com conversou com o vice-presidente do Grupo Potencial, Carlos Eduardo Hammerschmidt

BiodieselBR.com – Em 2024, a Potencial Petróleo se tornou Potencial Combustíveis. Agora, é a vez da Potencial Biodiesel se tornar Potencial Agro. O que motivou a mudança?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – Não se trata apenas de uma troca de nome, mas de um movimento estratégico que simboliza a evolução da companhia. Em 2024, a Potencial Petróleo se transformou em Potencial Combustíveis, reforçando a modernização e o alinhamento. Agora, em 2025, a Potencial Biodiesel se torna Potencial Agro, acompanhando nosso investimento de mais de R$ 1 bilhão na construção de uma esmagadora de soja na Lapa (PR). Esse passo amplia nosso escopo, fortalece a integração da cadeia produtiva e marca a entrada definitiva no setor agroindustrial. Diferentemente de outras empresas que nasceram no agro e depois avançaram para o biodiesel, nós estamos fazendo o caminho inverso: do biodiesel para o agro.

BiodieselBR.com – Desde que a Potencial entrou no mercado de biodiesel, a empresa tem realizado uma expansão estratégica. No ano passado, vocês anunciaram a meta de quase dobrar a capacidade da usina de Lapa. Como o projeto está caminhando?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – Quando iniciamos em 2013, tínhamos o objetivo claro de ser protagonistas no setor. Hoje, já somos a maior produtora do Brasil em um único complexo, com capacidade de 900 milhões de litros por ano. Estamos investindo R$ 600 milhões na ampliação da planta para alcançar 1,62 bilhão de litros por ano até 2026. Esse projeto está em andamento e reafirma nossa confiança na legislação ambiental e no papel do Brasil como referência na transição energética.

BiodieselBR.com – As promessas do Combustível do Futuro são suficientes para sustentar o nível de ambição que vocês têm demonstrado?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – Sim, o Combustível do Futuro dá sustentação para o crescimento do mercado, mas não podemos olhar somente como promessas, temos que ter convicção para que o Brasil assuma que somos protagonistas e temos o DNA para produzir energia limpa. Nós podemos ser a ‘Arábia Saudita da energia verde mundial’. A Lei 14.993/2024 [que estabelece o Combustível do Futuro] trouxe a previsibilidade e a segurança jurídica que o setor precisava, mas deve ser cumprida para não atrasar os investimentos. Esse marco regulatório nos dá confiança para planejar o futuro e investir em projetos estruturantes, além de posicionar o Brasil como líder global em biocombustíveis.

BiodieselBR.com – A estratégia da Potencial de apostar numa única usina de grande porte diverge da adotada por outros líderes do mercado. Como vocês têm trabalhado para levar o biodiesel fabricado na Lapa para novas regiões?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – Nossa escolha foi pelo modelo de um grande complexo integrado, que nos garante escala, eficiência e sustentabilidade. Na Lapa reunimos biodiesel, glicerina, soja e, em breve, etanol de milho e gás via duto em parceria com a Compagas para garantirmos nossa expansão no futuro. Ao mesmo tempo, temos uma estrutura de distribuição robusta, com bases em seis estados e presença em mais de 2 mil municípios, com uma carteira de mais de 5 mil clientes, entre B2B e B2C. A BWT Transporte e nossa frota própria de caminhões flex ampliam o alcance nacional. Só em 2024, o grupo distribuiu mais de 2 bilhões de litros no total.

BiodieselBR.com – Além da maior usina de biodiesel num único complexo, vocês estão a caminho do mercado de esmagamento. Quando esperam colocar a unidade para funcionar?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – Estamos investindo R$ 1,7 bilhão na primeira fase da esmagadora, chegando a R$ 2,5 bilhões com a segunda. A planta terá capacidade inicial de 3,5 mil toneladas de soja por dia indo para 7 mil toneladas/dia na segunda fase. A previsão de início da operação é abril de 2026.

BiodieselBR.com – Todo o óleo fabricado será dedicado à produção própria de biodiesel?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – A prioridade é garantir autossuficiência para a produção de biodiesel, mas não descartamos a comercialização de excedentes, sempre de forma planejada.

BiodieselBR.com – Recentemente vocês também anunciaram a entrada no mercado de etanol de milho. Por que decidiram diversificar nessa direção? E por que milho e não cana?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – O milho se tornou um vetor importante no Brasil e tem relação direta com a soja. A decisão de investir em uma biorrefinaria flex de etanol de milho faz parte da nossa estratégia de diversificação sustentável. A planta está sendo construída no complexo da Lapa, com investimento de R$ 2 bilhões, e terá capacidade para processar 3 mil toneladas/dia e deve entrar em operação em 2028. Além de que o milho nos dá mais flexibilidade de suprimentos, o ano de 2025 o Brasil bateu recordes de produção de grãos.

BiodieselBR.com – Há outros biocombustíveis na mira da Potencial?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – Já produzimos biodiesel, glicerina loira e refinada e tocoferol, que é fonte de vitamina E. Vamos entrar no etanol. Nossa estratégia prevê a inclusão do biogás nas novas plantas, ampliando ainda mais nosso portfólio sustentável.

BiodieselBR.com – Com o aumento da produção de biodiesel, a Potencial teve que lidar com volumes grandes de coprodutos. Como vocês se estruturaram para aproveitar essa oportunidade?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – Adotamos uma visão de economia circular. Nada se perde e tudo é aproveitado. Produzimos 70 mil toneladas de glicerina por ano, 40 mil toneladas de glicerina refinada e 35 mil toneladas de glicerina bruta, respondendo por 40% do mercado brasileiro. No momento estamos ampliando a nossa refinaria de 40 mil toneladas de glicerina refinada para 80 mil toneladas por ano, o que expandirá nossa presença internacional. Vamos nos tornar o segundo maior produtor de glicerina refinada do mundo, perdendo somente para uma planta da Europa. Além disso, logo teremos farelo e óleo de soja e milho, com forte demanda no Brasil e no exterior.

BiodieselBR.com – Para escoar esses produtos, vocês montaram a BWI. A empresa trabalha em outros mercados além da negociação de coprodutos do biodiesel?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – Sim. A BWI é nosso braço internacional de comercialização. Atua com petroquímicos, biocombustíveis e combustíveis fósseis, oferecendo um portfólio diversificado que inclui metanol, ureia automotiva, biodiesel, glicerina, metilato e tocoferol. Exportamos para Ásia, especialmente a China, e Europa, e já estamos em processo de expansão para os Estados Unidos.

BiodieselBR.com – O Grupo Potencial tem sua origem no ramo de distribuição. Como vocês acompanharam as recentes operações policiais que desbarataram esquemas bilionários de fraudes?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – Acompanhamos de perto. O setor precisa de fiscalização rigorosa para coibir práticas ilícitas que prejudicam o mercado e o consumidor. O Grupo Potencial é referência em ética, compliance e governança. Defendemos a segurança jurídica e principalmente os empresários que fazem seus negócios dentro da lei.

BiodieselBR.com – A Potencial foi afetada pela competição desonesta?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – A concorrência desleal impacta todo o setor, mas nosso modelo é robusto. Escala, verticalização, diversificação e governança sólida são os fatores que nos permitem seguir competitivos, mesmo em um ambiente de pressão.

BiodieselBR.com – Que medidas poderiam ser tomadas para reverter a infiltração de atores criminosos no mercado de distribuição?

Carlos Eduardo Hammerschmidt – Não posso responder pelo legislativo nem pelo judiciário do nosso país, mas precisamos que órgãos importantes como Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Receita Federal e Polícia Federal trabalhem em conjunto e sejam apoiadas. Avanços em tecnologia de rastreabilidade; e maior transparência regulatória. Essas medidas podem garantir igualdade competitiva e fortalecer a confiança no setor. Segundo o ICL e estudos da FGV, o brasil perde R$ 30 bilhões por ano nesse mercado em tributos e adulteração. A estimativa é que, só em dívidas com a União, o valor já ultrapassa R$ 1 trilhão desde a abertura do mercado brasileiro no ano de 1994.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com