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Biodiesel

Febre do biodiesel arrefece na Ásia com excesso de oferta na UE


Valor Econômico - 30 abr 2008 - 06:54 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

Planos de investir bilhões de dólares em refinarias de biodiesel foram suspensos no Sudeste Asiático porque os preços de matérias-primas essenciais - principalmente do óleo de palma - subiram por causa da crescente demanda de alimentos na China e na Índia.

Um excesso de oferta de biodiesel na Europa decorrente da importação vinda dos Estados Unidos, onde o produto é altamente subsidiado, piorou o panorama, juntamente com a percepção cada vez maior no Ocidente de que o cultivo de palmeiras para fazer óleo de palma prejudica o ambiente, dizem produtores asiáticos.

Essa é uma inversão de sorte inesperada para o setor. Há apenas um ano, empresas asiáticas estavam acelerando a construção de fábricas de biodiesel para aproveitar os subsídios da Europa e dos Estados Unidos voltados a estimular o consumo de combustíveis limpos.

Projetos que estavam sendo construídos ou planejados davam previsão de produzir cinco milhões de toneladas um ano depois de concluídos, ou em torno de metade do total da capacidade européia de refino em 2007. O governo da Indonésia anunciou que US$ 12,5 bilhões em novos investimentos em biodiesel já estavam em projeto só naquele país.

Refinado de óleos vegetais, esse combustível é misturado ao diesel comum e vendido nos postos da Europa e dos EUA. Em teoria, a mistura reduz as emissões de gases do efeito estufa porque os veículos rodam mais quilômetros com o mesmo volume de gasolina ou diesel.

Os investimentos planejados em refinarias pareciam fazer sentido quando o preço do petróleo começou a disparar no ano passado. Mas o preço de óleo de palma - produzido largamente no Sudeste Asiático - subiu ainda mais, o que tornou comercialmente inviáveis as fábricas de biodiesel à base desse óleo.

Ao mesmo tempo, a União Européia - de longe o maior consumidor de biodiesel - está reduzindo seu programa de subsídios para excluir especificamente o óleo de palma, on de dendê, cultivado em áreas de floresta natural destruídas recentemente. Alguns estudos recentes descobriram que derrubar floresta para plantar palma - prática comum em países como a Indonésia, mesmo que quase sempre ilegal - solta na atmosfera volumes enormes de gases do efeito estufa, anulando os benefícios trazidos por combustíveis limpos.

Produtores asiáticos de biodiesel também se queixam que exportadores americanos inundaram o mercado europeu com biodisel até 30% mais barato do que eles conseguem produzir. Produtores americanos de biodiesel derivado de soja ganham US$ 1 de crédito de imposto por galão de 3,78 litros do combustível, o exportam para a Europa e também se beneficiam de subsídios europeus.

Por isso alguns produtores de óleo de palma suspenderam seus planos de construir refinarias de biodiesel e apenas poucas fábricas novas devem ser abertas.

Tom Wright, The Wall Street Journal, de Jacarta, Indonésia

Tags: ásia