Vendas de veículos novos no Brasil vão superar projeção de alta de 12% em 2018, diz Anfavea
Os licenciamentos de veículos novos no Brasil em 2018 vão superar a atual projeção de crescimento de cerca de 12%, afirmou nesta segunda-feira o presidente da associação que representa montadoras no país, Anfavea, Antonio Megale. “As vendas já estão num ritmo de crescimento acima de 20%. No segundo semestre deve haver uma redução nesse ritmo por causa da comparação com o desempenho mais forte de um ano antes, mas com certeza vamos superar o crescimento de 12% que estamos projetando atualmente”, disse Megale a jornalistas, durante apresentação sobre o salão do automóvel de São Paulo, que acontece em novembro.
No primeiro quadrimestre, as vendas de veículos novos no Brasil subiram 21,3% sobre um ano antes, para 763 mil unidades. A produção disparou 20,7%, a 966 mil.
Sobre as vendas atuais de veículos, Megale afirmou que a greve dos caminhoneiros iniciada nesta segunda-feira poderá impactar o registro de licenciamentos do mês por causa de possíveis atrasos no envio de modelos das fábricas às concessionárias. “Pode prejudicar os emplacamentos...Pode causar atrasos”, disse ele sem poder fazer estimativas.
A edição bienal do salão em 2018 tem 30 marcas de veículos confirmadas e expectativa de atração de mais de 700 mil pessoas ao longo dos 10 dias do evento, que terá também mais de 500 modelos de veículos. Em 2016, ano de agravamento da crise econômica, 26 marcas participaram do salão paulista.
A expectativa de público não é recorde e, segundo os organizadores, não se deve à incertezas relacionadas com o cenário eleitoral ou da economia.
“Não vemos nenhum tipo de ligação da previsão de público com as eleições. Não estamos pessimistas, estamos focados em melhorar a experiência dos visitantes...Temos os mesmos 10 dias de duração e não é nossa intenção baixar o preço para abarrotarmos os corredores de público”, disse o vice-presidente executivo da Reed Exhibitions, organizadora do salão.
Uma das novidades do salão neste ano será o fim das cotas de importação, que limitavam marcas que não têm fábrica no Brasil a vendas de 4.800 veículos sem incidência de sobretaxas.
“As perspectivas são bem melhores que em 2016”, disse o presidente da Abeiva, que representa os importadores, José Luiz Gandini. Porém disse que o dólar a 3,75 (reais) tende a causar uma mudança nos preços dos carros e ainda não sabemos qual será”. A expectativa do setor é elevar as vendas de importados no Brasil em 2018 para 40 mil unidades, até 29 mil em 2017.
A desvalorização cambial também traz impactos aos fabricantes nacionais, que diante de inclusão de maior quantidade de itens eletrônicos nos modelos mais recentes, que permitem acesso à internet ou ajudam no estacionamento, passaram a contar com uma parcela maior de autopeças importadas.
O presidente da Anfavea afirmou que “o pior de tudo é a volatilidade, porque fechamos negócios sem saber a taxa, isso gera dificuldades para se repor estoques. Se continuar (a desvalorização da moeda), pode impactar produção, que até agora não caiu”, afirmou.
Questionado sobre a expectativa pelo anúncio de uma nova política automotiva, que está sendo gestada há meses no governo federal e prevê incentivos tributários limitados para empresas do setor que investirem em pesquisa e desenvolvimento no Brasil, Megale afirmou que a política chamada Rota 2030 deve levar ainda “mais alguns dias ou semanas”.
Em 2 de maio, o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, chegou a afirmar que o programa deveria ser anunciado pelo presidente Michel Temer na semana do dia 6. Segundo Megale há ainda algumas divergências entre os ministérios da Fazenda e da Indústria.