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Negócio

Acelen prevê investir mais R$ 340 milhões na Refinaria de Mataripe em 2025


Reuters - 28 mai 2025 - 16:18

A Acelen, do fundo dos Emirados Árabes Unidos Mubadala Capital, prevê investir R$ 340 milhões neste ano na Refinaria de Mataripe, como parte das atividades de manutenção e implementação de modernizações na unidade, disse o presidente Luiz de Mendonça à Reuters.

Os aportes se somam a investimentos de R$ 3 bilhões nos últimos três anos, que permitiram um recorde no processamento de petróleo de 273 mil barris por dia (bpd) no primeiro trimestre deste ano. O volume representa um aumento de 33% ante o refino médio de 205 mil bpd registrado na unidade quando ela foi comprada da Petrobras, em 2021, segundo o executivo.

“(Hoje) é uma refinaria mais segura, muito mais eficiente”, disse Mendonça, em uma entrevista por videoconferência, na sexta-feira, 23. “Quando a gente pegou, ela processava 205 (mil bpd), em média. (Esse volume) não era a capacidade (total), mas eu não pisaria no acelerador como hoje a gente consegue”.

A capacidade da unidade, quando foi comprada pelo Mubadala Capital, já era de mais de 300 mil bpd, mas o executivo ressaltou que não era possível chegar próximo desse patamar.

Primeira refinaria nacional, que iniciou suas operações em 1950, Mataripe foi comprada pelo Mubadala por US$1,65 bilhão, e é atualmente a segunda maior do Brasil, com 14% da capacidade total do país.

Dentre os investimentos feitos, o executivo citou o lançamento de seis produtos, somando cerca de 30; ganho de eficiência hídrica e energética; aumento da capacidade produtiva; contratações e formação de pessoas; dentre outras.

A previsão é que Mataripe eleve ainda em 20% a capacidade de produção de diesel até o início de 2026, ante o momento em que assumiu a unidade. Até agora, o ganho de produtividade do diesel pela gestão da Acelen já atingiu 14%, segundo o executivo.

Do lado da infraestrutura, Mendonça destacou que a Acelen dragou todo o canal marítimo que conecta o porto da refinaria até a entrada da Baía de Todos os Santos.

“Hoje temos o porto com o maior calado do Nordeste. Significa que hoje eu recebo navios de até 1 milhão de barris de petróleo ou de produto. Então eu estou entrando com navios muito mais carregados e estou saindo com navios muito mais carregados”, afirmou.

Com isso, a redução de custos total obtida desde que a Acelen assumiu Mataripe já soma 40%, disse ele.

Mendonça também voltou a se queixar de que a Petrobras cobra preços altos na venda de petróleo para a Refinaria de Mataripe, fazendo com que a Acelen seja levada a importar entre 30% e 40% de seu consumo. “Para ser competitivo, eu ainda importo mais petróleo do que eu deveria”, disse o executivo.

Acelen Renováveis

Já sobre os planos da Acelen Renováveis para construir uma biorrefinaria na Bahia, Mendonça afirmou que foi concluída a engenharia básica da planta e que a companhia está agora fazendo a estruturação financeira final do projeto, incluindo a parte de dívida e a parte de equity, sem dar detalhes.

A Acelen Renováveis, que também pertence ao Mubadala e é presidida por Mendonça, prevê investir US$ 3 bilhões em sua primeira planta de biorrefino ao lado da Refinaria de Mataripe, mas completamente independente, com capacidade para produzir 1 bilhão de litros de biocombustíveis por ano.

Inicialmente, a Acelen planeja iniciar a produção de combustível sustentável de aviação (SAF) e diesel renovável com óleo vegetal e gordura animal não comestível a partir de 2027. Depois, a partir de 2030, a previsão é passar a produzir combustíveis utilizando óleo de macaúba, considerada até dez vezes mais produtiva por hectare plantado em comparação à soja, segundo o executivo.

Dentro deste plano, a companhia prevê cultivar 180 mil hectares de macaúba na Bahia e em Minas Gerais, transformando pastagens degradadas em florestas produtivas, sendo que 20% das plantações do projeto serão compostas por parcerias com a agricultura familiar e pequenos produtores.

A Acelen iniciou neste mês o plantio de macaúba com a implantação da primeira fazenda-modelo na cidade de Cachoeira (BA), e prevê inaugurar nos próximos meses o centro de inovação tecnológica agroindustrial Acelen Agripark, em construção em Montes Claros (MG).

Com aportes de R$ 314 milhões, o centro de pesquisas contará com uma área de 138 hectares, sendo que 59 hectares serão dedicados a experimentos, incluindo oito áreas experimentais e uma de controle. O local terá ainda uma capacidade de germinar 1,7 milhão de sementes por mês e produzir 10,5 milhões de mudas por ano, acelerando a implementação da macaúba como fonte de biocombustíveis.

Mendonça evitou falar sobre qual deve ser a estratégia do grupo em relação a eventuais novos sócios, uma vez que a decisão caberá ao Mubadala, mas adiantou que há muitos interessados em participar do projeto e que poderá ser necessário selecionar possíveis parceiros que agregariam ao negócio.

Marta Nogueira – Reuters