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Análise da semana 20.abr.07


BiodieselBR - 20 abr 2007 - 18:41 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Análise Semanal 20.abr.07

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Durante a Cúpula Energética da Comunidade Sul-Americana de Nações realizada essa semana na Venezuela, os biocombustíveis foram o centro das atenções. O principal motivo dessa atenção seria um possível embate entre Lula e Hugo Chávez, causado pelas declarações de Fidel Castro contra os biocombustíveis, apoiadas publicamente por Hugo Chávez.

Contudo não houve declarações polêmicas de nenhum dos lados e o momento mais tenso ocorreu entre quatro paredes, em uma reunião entre ministros que terminou com 9 horas de atraso por causa das divergências sobre os biocombustíveis.

Na declaração final assinada pelos 12 países participantes, a cúpula concordou em “impulsionar o desenvolvimento das energias renováveis, já que cumprem um papel importante na diversificação da matriz de energia primária, na segurança energética, na promoção do acesso universal à energia e na preservação do meio ambiente". Essa declaração foi apontada por muitos como uma vitória de Lula.

Essa vitória de Lula só pôde ser concretizada por que as declarações contrárias ao uso dos biocombustíveis são em sua maioria direcionadas ao etanol e não ao biodiesel, e principalmente ao etanol de milho americano e não ao etanol de cana-de-açúcar brasileiro. Isso por que além de ser um alimento básico muito importante e ter um balanço energético muito baixo, o milho é quase todo consumido na produção do etanol. O biodiesel não implica em um problema tão grave para a alimentação por utilizar uma parte do grão para sua produção.

Para produzir biodiesel é utilizado apenas o óleo da soja, sobrando a torta (farelo de soja) para ser aproveitada para outras finalidades. Essa torta pode ser utilizada normalmente para fins alimentícios, da mesma maneira como as grandes esmagadoras de grãos fazem há décadas. Desse modo, o biodiesel concorre apenas com o mercado alimentício de óleo, o que no caso da soja representa 20% do seu peso, não concorrendo com o mercado de farelo.

É possível que nos próximos anos em razão da grande utilização de soja para a produção de biodiesel, haja uma queda nos preços do farelo de soja no Brasil. Isso ocorreria porque parte da soja exportada hoje será utilizada na produção de biodiesel dentro do Brasil, o que ocasionará um aumento na produção de farelo de soja sem que a demanda cresça na mesma proporção. A conseqüência seria a queda de preço do farelo e conseqüente queda de preço dos produtos feitos dessa matéria-prima.

E com o aumento da produção de outras oleaginosas como o girassol, nabo forrageiro, canola, linhaça, específicas para biodiesel teríamos maior oferta de tortas para a alimentação animal e a pressão nos preços das matérias-primas para ração.

Soja farelo óleo


Bons exemplos
O futuro das pequenas usinas regionais de biodiesel dependem de bons exemplos, como da COAPAR – Cooperativa Agrícola do Parecis, no município de Campos de Julio, Mato Grosso. A cooperativa formada por 33 associados, produtores rurais e atuais consumidores de diesel, construíram sua usina de biodiesel. Sem comprometer a safra de verão, plantam girassol após a colheita da soja e o transformam em biodiesel para consumo próprio. Os associados que fazem o seu combustível conseguem uma redução significativa nos custos com energia em suas propriedades.

Exemplo semelhante está sendo construído em Jataí - GO. A empresa Jataí Agro Indústria de Biocombustível Ltda, com a união de três produtores rurais, iniciou a construção de uma usina para consumo próprio e prestação de serviços para outros produtores da região, utilizando o girassol como matéria-prima. A torta do girassol, que sobra da extração do óleo, é matéria-prima de excelente qualidade para ração animal. Nas duas regiões o girassol é plantado após a colheita da soja, nos meses de fevereiro e início de março e colhido entre junho e agosto, sem comprometer a principal safra e a produção de alimentos.


Importação e exportação
A regulamentação e a tributação poderão fazer o Brasil perder a concorrência no mercado especialmente em biodiesel para a Argentina, diz a empresa de consultoria americana Frost & Sullivan. Na Argentina a exportação de biodiesel é prioridade e não existe incentivo para o consumo interno, pois há um tratamento tributário diferenciado para a exportação e nenhuma obrigatoriedade de consumo. No Brasil a produção de biodiesel está voltada para o mercado interno, o que não poderia ser diferente, afinal, ainda se importa 10% do diesel consumido, cerca de quatro bilhões de litros por ano. Somente após a finalizada a importação, a exportação passará a ser interessante. E para que isto venha a ocorrer no futuro, é necessário que hoje sejam tomadas decisões referentes a melhorias em logística, infra estrutura portuária, carga tributária e as correções fiscais que o setor exige.


Impactos econômicos, energéticos e agrícolas
Segundo previsão da Agência Internacional de Energia (AIE), a multiplicação da produção de biocombustíveis em cinco ou até sete vezes até 2030, poderá transformar por completo a economia das produções e do comércio agrícola e energético mundial dentro de dez ou quinze anos. Essas transformações na agricultura mundial e na relação entre países já estão começando com a influência do petróleo nos preços dos grãos. Será uma tarefa árdua, para governos, pesquisadores, agricultores e industriais lidar e se adaptar as mudanças previstas.


Mudanças Climáticas
Foi divulgado pelo IPCC – Painel Internacional sobre a Mudança Climática – a segunda etapa de seu estudo realizado por mais de 400 cientistas do mundo inteiro, que mostrou que mesmo com a redução das emissões de carbono, os impactos das mudanças climáticas continuarão a ser sentidos por algumas décadas. O grupo se reunirá em Bangcoc na Tailândia entre os dias 30 de abril e 3 de maio para a elaboração do terceiro relatório que versará sobre o que precisa ser feito para reduzir a emissão de gases do efeito estufa. O mercado de biocombustíveis aguarda com certa expectativa esse relatório, pois ele indicará o peso que os biocombustíveis terão no combate ao aquecimento global.


Análises anteriores

13 abril

  • O biodiesel na China e a oportunidade brasileira
  • Os planos e os problemas da Brasil Ecodiesel para a mamona
  • Alimento X combustível: Redução dos subsídios para atenuar o aumento no preços dos alimentos

09 abril

  • As variáveis envolvidas na discussão do uso de alimentos para produção de biodiesel
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  • Óleo vegetal | Milho e soja

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