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Biodiesel

As culturas regionais do biodiesel


Luís Nassif - 18 abr 2007 - 11:09 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Um dos pontos mais interessantes do programa nacional de biodiesel é a diversidade de culturas regionais que permitirá produzir o combustível. De cara o país sai na frente –assim como no etanol do álcool--, não só pelos estudos sobre as diversas oleaginosas, como pelo fato de já dispor de mini-refinarias adaptadas para diversas espécies de plantas.

No momento, e Embrapa trabalha com seis tipos de matérias primas, e uma grande promessa. As matérias primas são a mamona, a soja, palmáceas, girassol, amendoim e algodão. A promessa é o pinhão manso, especial para recuperar terras degradadas, e também a macaúba.

Pelas avaliações da Embrapa, o primeiro ciclo será dominado pela soja e pela mamona. A partir de 2013 o dendê passará a ter expressão maior. Apesar de ser aposta de algumas grandes empresas, a Embrapa não coloca suas fichas no girassol.

A aposta no dendê dependerá da decisão do governo de começar a investir no seu desenvolvimento tecnológico

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Nas análises comparativas, a Embrapa prevê um rendimento médio da soja de 375 a 600 quilos de óleo por hectare (kg/ha), dependendo do teor de óleo da planta. Na mamona, é de 350 a 1.188 kg/ha. No dendê, essa produção salta para 2.000 a 5.000 kg/ha. No girassol, de 630 a 725 kg/ha. Esperança do futuro, o pinhão mansão pode produzir de 1.340 a 3.200 kg/ha. A Brasil Ecodiesel analisou as mesmas culturas e constatou que, na média, a soja rende 450 kg/ha, o girassol 550, a mamona 450 e o pinhão manso 700.

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No curto prazo, a maior fonte de insumos será a soja, que responderá por 80% da produção de biodiesel, ou um bilhão de litros em 2008. Ela permitirá o tiro de partida.

A médio prazo, o Plano Nacional de Biocombustíveis prevê a combinação de agricultura, biomassa energética, florestas (fibras, celulose e papel), integrando agricultura, pecuária e manejo florestal.

Ponto central do projeto é a disponibilização de sementes para plantio. Hoje em dia, a mamona tem sementes suficientes para atender a 150 mil hectares; o feijão caupi (que será plantado de forma consorciada com a mamona) para atender a 150 mil ha; o dendê, para 3 milhões de sementes/ano ou 21 mil ha e a soja para atender a 10 milhões de ha.

Pelos números se percebe a razão da soja ser o ponto de partida.

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É nesse universo que se dará a coordenação tecnológica das pesquisas no país. Até agora não existe um sistema montado. A Embrapa criou a Embrapa Energética, juntando nela as pesquisas ligadas ao biocombustível. Provavelmente caberá a essa divisão a coordenação das diversas pesquisas em torno do tema.

Serão montadas inicialmente cinco redes de pesquisa:

1. Álcool combustível, pesquisando etanol de cana, de grãos, de tubérculos, celulósico, metanol de biomassa e co-geração de energia.

2. Biodiesel, juntando as pesquisas sobre oleaginosas nas regiões norte, nordeste e centro-sul.

3. Biogás, com pesquisas sobre biodigestores, resíduos de suínos e aves, vinhaça e geração de energia elétrica.

4. Florestas energéticas, pesquisando a biomassa vegetal, carvão vegetal, geração de energia elétrica e crédito de carbono.

5. Resíduos agrícolas e florestais, juntando setor sucro-alcooleiro, resíduos de madeira, setor de arroz e resíduos e lixos.

Luís Nassif