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Análise da Semana: 03.mar.08


BiodieselBR - 02 mar 2008 - 17:04 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

Análise Semanal 03.mar.08

 

Qualidade do biodiesel
O Laboratório de Química da Universidade Estadual de Campinas após coletar e analisar o biodiesel de dez distribuidoras do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, concluiu que falta qualidade. Algumas etapas de purificação do biodiesel não estão sendo feitas, segundo a Unicamp.

Embora a mistura seja de apenas 2%, um setor novo não pode se dar ao luxo de começar mal. A qualidade do produto final é uma das garantias do sucesso do biodiesel. Por motivos distintos, o álcool perdeu credibilidade junto aos consumidores na década passada, e só voltou a ser consumido após a invenção do motor flex.

Um dos fatores que deve estar influenciando algumas usinas a produzir biodiesel não especificado é o preço dos últimos leilões. Os contratos de venda de biodiesel firmados têm um preço aquém do custo e as usinas podem estar vendo na baixa qualidade uma alternativa para diminuir os custos de produção.

Em uma primeira análise alguém pode concluir que uma fiscalização deficiente é uma forma de ajudar o setor (tendo em vista a pequena quantidade de mistura). Mas não é. Se a fiscalização não for feita corretamente, as empresas que estão produzindo biodiesel com qualidade saem prejudicadas.

No futuro a fiscalização tende a ficar mais difícil com a entrada de mais usinas e uma produção maior, por isso agora é o momento de intensificar a fiscalização. A ANP e o Governo devem concentrar esforços para que todo o biodiesel distribuído seja fiscalizado, pois isso é fundamental para que o livre mercado ajude as empresas que produzem produtos de qualidade a ganhar mais espaço.

Os usineiros e o governo devem pensar no longo prazo. Os erros e acertos do setor de álcool devem servir de exemplo a ser seguido. Hoje em dia muitos brasileiros que gostam do biodiesel não gostam do álcool e mesmo com carro flex só usam gasolina. A indústria não pode deixar que essas mesmas pessoas passem a ter uma má impressão do biodiesel.


Petróleo X Soja
Nos primeiros oito meses de 2006 o petróleo ficou na média de 65 dólares por barril enquanto o óleo de soja correspondia a 80 dólares - 23% mais caro que o barril de petróleo.

Hoje o petróleo custa U$ 100 o barril e o óleo de soja U$ 238 (valores da Bolsa de Chicago). O óleo de soja vale hoje 138% mais que o petróleo. Nos últimos dezoito meses enquanto o petróleo subiu 54% o óleo de soja subiu 198%. Esse aumento é quase três vezes o do petróleo.

A análise de preços passados e atuais demonstra que o aumento do preço do petróleo está influindo no preço do óleo de soja, mas não é o único determinante. O petróleo é um coadjuvante na formação do preço do óleo vegetal. O que realmente elevou o preço dos óleos vegetais para estes níveis foi a demanda por biodiesel no mundo inteiro, que reduziu todos os estoques disponíveis a níveis mínimos. Não pode ficar de fora dessa equação o aumento do consumo da soja para a alimentação na Ásia.

E quais são as chances do óleo de soja voltar a patamares próximos ao do petróleo? Remotíssimas. Se ocorrer uma super oferta de óleos vegetais no mercado que derrube os preços, imediatamente entram em ação as usinas de biodiesel comprando e o preço sobe novamente. Mesmo uma super oferta não conseguirá suprir a demanda das usinas de biodiesel, pois sempre que o preço do óleo permitir, as usinas incrementarão sua produção.

Para termos uma idéia do tamanho do mercado de petróleo, enquanto o consumo mundial de óleos vegetais e gorduras animais é de pouco menos de um bilhão de barris por ano, o consumo de petróleo é de 31 bilhões por ano (cerca de 86 milhões de barris por dia). O mundo não tem como produzir nem metade dessa quantidade em óleos vegetais, pelo menos não com as tecnologias conhecidas.

Querer substituir 2, 3 ou 5% desse mar de petróleo por biodiesel é possível, com projetos políticos mundiais onde se priorize a produção agrícola de alimentos para atender a demanda crescente e também incentive o aproveitamento das imensas áreas subutilizadas do planeta para a produção de óleos vegetais não alimentícios para fins carburantes. Quando houver quantidade considerável desse último tipo de óleo, a pressão sobre os grãos poderá diminuir um pouco.



Soja +27%
O mês de fevereiro terminou com um aumento expressivo do óleo de soja na bolsa de Chicago. No fechamento da bolsa no dia 31/01 o óleo na posição de março/08 estava cotado a U$ 0,5372 por libra peso e terminou o mês de fevereiro cotado na mesma posição de março a U$ 0,6815 um aumento de 27% no mês e de 36% no ano.



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