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Análise da Semana: 03.ago.07

BiodieselBR - 03 ago 2007 - 17:08 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Análise Semanal 03.ago.07

A biodieselbr.com mostrou em primeira mão que a Brasil Ecodiesel não conseguirá produzir todo o biodiesel que vendeu nos leilões promovidos pela ANP. O déficit será de pelo menos 57 milhões de litros. Essa dificuldade encontrada pela maior empresa de biodiesel do Brasil traz à tona as dificuldades de produzir biodiesel este ano.

Mesmo com uma capacidade instalada de dezenas de milhões de litros por mês, a Brasil Ecodiesel vem produzindo na média menos 10 milhões de litros por mês, o que representa uma ociosidade acima de 60%. Essa baixa produção muito provavelmente está ocorrendo por falta de alternativas à matéria-prima mais utilizada pela empresa (soja), aliada ao preço do biodiesel vendido nos leilões. O preço atual do óleo de soja é R$ 1.700,00 a tonelada e a empresa vendeu quase todo seu biodiesel a R$ 1,74 o litro.

Fácil perceber que há uma incompatibilidade entre o preço final do biodiesel e o preço da matéria-prima, por isso é realmente um desafio para a Brasil Ecodiesel fazer biodiesel com uma margem mínima de lucro. Mas em todo país as outras usinas tem passado pela mesma situação e mesmo assim o preço do biodiesel não sobe. Isso porque ninguém quer pagar mais pelo biodiesel do que paga pelo diesel. Hoje o diesel tem um preço médio de R$ 1,84 o litro, enquanto o biodiesel tem um custo final com impostos maior que R$ 2,00.

O futuro do biodiesel pode parecer complicado, já que seu o preço sempre vai estar limitado ao preço do diesel, e o preço da matéria-prima (óleos comestíveis) vai estar sempre sendo empurrado pela enorme indústria alimentícia e pelo gigantesco setor energético, mas há uma luz para aqueles que investiram nesse biocombustível. Essa luz chama-se “uso obrigatório”.

O uso obrigatório de biodiesel no Brasil e no mundo fará com que a distribuidoras de diesel sejam obrigadas a comprar uma quantidade mínima de biodiesel para se adequar a legislação. Isso dará poder as usinas de biodiesel para cobrar um preço acima do preço do diesel, fazendo com que os preços do biodiesel passem a ser compatíveis com o preço da matéria-prima.

Com a obrigação de comprar biodiesel, as distribuidoras de combustível podem virar reféns das usinas se não houver uma capacidade de produção consideravelmente maior que a demanda. No Brasil a demanda em 2008 será de pouco mais de 800 milhões de litros de biodiesel e a capacidade de produção será de pelo menos o dobro desse valor. Com essa quantidade de oferta as usinas de biodiesel terão os preços limitados pela usinas concorrentes e não mais pelo preço do diesel.

Por esse motivo que será importante para usinas terem uma boa tecnologia de produção de biodiesel, que consiga aproveitar ao máximo a matéria-prima com baixo custo. Todavia, a tecnologia terá um papel secundário, já que os custos de produção correspondem a apenas 20% dos custos do biodiesel. O papel principal na redução de custos de uma usina pertence a matéria-prima, que fica com os outros 80% dos custos de produção.

As usinas precisarão em 2008 fazer boas parcerias com produtores rurais, escolher as melhores oleaginosas para a região que atuam, além de produzir matéria-prima em terras próprias, para assim garantir uma vantagem competitiva frente às usinas concorrentes.

A caminho até 2008 será longo para algumas usinas: quanto maior a quantidade de biodiesel que tiverem que entregar em 2007, mais longe estará 2008.

Iniciativas
Apesar da falta de uma política agrícola definida para a produção de oleaginosas para biodiesel, estamos vendo aumentos significativos da plantação de canola no Rio Grande do Sul, que saiu de quatro mil hectares em 2006 para quinze mil neste ano. O mesmo tem acontecido com o girassol no Centro-Oeste. Estas iniciativas infelizmente são por conta e risco do produtor, sem financiamento e sem qualquer cobertura de seguro caso ocorra alguma frustração por conta do clima ou outro qualquer.

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