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Biodiesel

Piracicaba: Óleo de fritura vai virar biodiesel, sabão e ração animal


Gazeta de Piracicaba - 29 jul 2007 - 15:50 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A partir da próxima quarta-feira (1º), o óleo utilizado na fritura de alimentos por cerca de 370 mil habitantes de Piracicaba terá destino certo. O produto poderá ser armazenado em garrafas pet, vidros ou galões, para ser entregue à Cooperativa Reciclador Solidário, que atua em 12 bairros diferentes do município e manterá como pontos de recolha de óleo, o Zoológico Municipal, o hipermercado Pão de Açúcar (no bairro Cidade Alta) e o supermercado Delta, nos bairros Cecap e Areão. No Brasil, destaca Euclides Buzetto (PT), autor do projeto de lei que instituiu o programa municipal de coleta e destinação de gorduras e óleos vegetais, a média de utilização de óleo por brasileiro é de oito litros por ano. "Sabemos que em Piracicaba o consumo é mais moderado. Se cada cidadão utilizar quatro litros por ano, no final vamos ter mais de um milhão de litro", calcula.

Há expectativa de vender, nos próximos 60 dias, 20 mil litros do óleo a ser coletado, para usinas de biodiesel. Para ser aprovado, o projeto de lei tramitou quatro meses na Câmara de Vereadores, prazo considerado rápido por Buzetto, e a lei foi publicada no Diário Oficial do Município do dia 6 de junho deste ano. O objetivo do programa de coleta e destinação de gorduras e óleos vegetais é reduzir o lançamento desses poluentes nos encanamentos, fossas sépticas e rede de esgoto, além de melhorar a renda dos 56 cooperados do Reclicador Solidário, da faixa etária de 18 a 65 anos.

{sidebar id=13}O óleo coletado será destinado para fabricação de ração animal, detergente e o excedente da quantidade, para produção de biodiesel. Segundo Célia Regina Calim, assistente social, e Ademir Antonialli, gerente da Cooperativa Reciclador Solidário, o preço do litro do óleo para usinas de biodiesel é variável. O litro peneirado custa R$ 0,40 e o sujo é vendido por R$ 0,25.

Duas empresas vão comprar o óleo do Reciclador Solidário e outras duas usinas de biodiesel, a serem inauguradas na cidade, devem comprar o produto. O gerente do Reciclador Solidário diz que o apelo para que a população entregue o óleo de cozinha será a conscientização ambiental, com a colaboração dos meios de comunicação na divulgação do programa. "Não vamos pagar pelo óleo entregue nem dar outro produto em troca", elucida.

Ampliação

Ademir Antonialli diz que a coleta de materiais recicláveis é apenas a primeira etapa do Reciclador Solidário, que tem como meta agregar valores aos recicláveis, transformando-os em matéria-prima, e industrializá-los. Para ampliar o projeto, ressalta o gerente, foi solicitado à Prefeitura compra de terreno de 10 mil metros quadrados para a construção da sede do Reciclador. "Temos um local, mas ainda não podemos divulgar, mesmo porque isso terá de passar pela Câmara (de Vereadores)", afirma.

O terreno é fundamental para a negociação de financiamento de R$ 3,5 milhões, preiteados ao Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O valor, revela Antonialli, será utilizado para compra de esteiras, prensas, microusina de biodiesel e mais caminhões para coleta de materiais recicláveis. "Nosso objetivo é reciclar a metade das duas mil toneladas de materiais recicláveis produzidos mensalmente em Piracicaba. A outra metade deve ser atendida por outros projetos de reciclagem do município", enfatiza.

Atualmente, a cooperativa tem três caminhões subsidiados pela Prefeitura, que também paga aluguel do barracão - na avenida 31 de Março - e outras despesas. "Com a usina de biodiesel vamos poder aumentar de 56 para 150 cooperados", destaca.

Dentro de seis meses, o terreno pode estar definido. Antonialli lembra que somente após a definição, um dos bancos vai liberar o financiamento. Com os equipamentos industriais necessários, diz o gerente do Reciclador Solidário, poderão ser produzidos sacos plásticos e tubos de PVC para serem vendidos para a Prefeitura. "Até o próximo ano, vamos poder ampliar o Reciclador", acredita.

Atualmente, a cooperativa coleta por mês 120 toneladas de materiais recicláveis - plástico, papel, papelão, alumínio - de 12 bairros de Piracicaba. A receita de junho foi de R$ 29 mil e mês de julho deve fechar em 135 toneladas. Para agosto, a previsão é atingir 200 toneladas. Cada um dos cooperados ganha, mensalmente, de R$ 500 a R$ 600. "Em agosto, a receita de cada cooperado será cerca de R$ 800", adianta Antonialli.

ELIANA TEIXEIRA

EDITORIAL: Sem poluir

Você pode dar agora, efetivamente, a sua contribuição ao meio ambiente e ajudar no não-aquecimento global, com uma simples e fácil atitude: guardar o óleo de fritura em garrafas pets e entregar em um dos postos de coleta de Piracicaba. O material, que normalmente é jogado nas pias e ralos e vai poluir os rios é um produto 100% reciclável.

Além de proteger o meio ambiente, cada pessoa que participar do programa municipal de coleta e destinação de gorduras e óleos vegetais vai estar colaborando com a Cooperativa Reciclador Solidário, que trabalha há anos com a coleta de papel, papelão, plásticos e outros produtos em bairros de Piracicaba. Você vai estar ajudando estas famílias carentes.

O óleo usado nas frituras vai ser vendido pelo Reciclador Solidário para a fabricação de ração animal, sabão, detergente e o excedente da quantidade para produção de biodiesel. Já existem pequenas usinas interessadas.

O vereador Euclides Buzetto, autor da lei que institui o programa estima que os piracicabanos consomem mais de 1 milhão de litros de óleo por ano. A coleta visa evitar que este poluente continue sendo jogado nos encanamentos, fossas sépticas e rede de esgoto. O que vai também gerar economia aos cofres públicos, reduzindo serviços de consertos e manutenção. É no social, no entanto, o maior enfoque do programa, já que vai beneficiar trabalhadores de 18 a 65 anos de idade, que atuam no Reclicador Solidário.

Mesmo não sendo pioneira nesta atividade que se inicia, outras cidades já fazem a coleta de óleo, Piracicaba dá mais um exemplo de luta pela preservação da natureza. A população é o principal agente para o sucesso do programa e deve dar a sua contribuição. Assim se espera.