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Biodiesel poderia ser saída para baixa ociosidade de esmagadoras


DCI - 20 nov 2012 - 09:36 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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Com benefícios fiscais à exportação de matéria-prima, o complexo de soja brasileiro dá preferência ao embarque do grão, em vez de investir na venda de óleos e de farelo. Sem competitividade externa, a indústria processadora da oleaginosa tem um terço de ociosidade em suas operações. As conclusões são de uma pesquisa sobre a atividade da indústria de processamento recém-publicada pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

A tributação brasileira, praticamente nula para a exportação de soja em grão, gira em torno de 2% sobre o valor dos produtos industrializados. O País deve contabilizar, no fim do ano, 31,5 milhões de toneladas de matéria-prima exportada e 35,1 milhões de toneladas de oleaginosa processada – mas vendida nos mercados tanto interno quanto externo.

A indústria processadora de soja tem capacidade para processar 158 mil toneladas de grão por dia, mas trabalha com 67% deste volume em função da demanda, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Na Argentina, ao contrário, os incentivos do governo se concentram no campo industrial: exportar derivados da soja custa de 15% a 20% mais barato do que embarcar o grão em estado bruto. O país comercializou 1,8 bilhão de litros de óleos vegetais no mercado externo em 2011 - cerca de 70% da própria produção.

Biodiesel
Para o superintendente da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Júlio Minelli, as exportações poderiam ser uma saída para o equilíbrio entre oferta e procura do setor. Segundo ele, empresários do segmento de biodiesel (no qual cerca de 80% da produção são feitos à base de soja) buscam constantemente negociar a venda no mercado internacional, mas não conseguem competir com o produto estrangeiro.

"Hoje, o Brasil exporta zero de biodiesel. Com essa ociosidade de 33%, poderíamos dobrar a produção e atender o mercado externo. Mas não dá para competir", observa Minelli. "Não podemos deixar de exportar o grão - agora que estamos nos tornando os maiores exportadores -, mas é preciso que o governo estimule os embarques de alto valor agregado", acrescenta.

Integrante da indústria de óleo vegetal, o segmento de biodiesel apresenta um nível de ociosidade ainda maior: 55%. Por conta disso, R$ 28 bilhões em investimentos nesse mercado, segundo estimativa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), estão em cima do muro, à espera de condições para serem executados. "O setor está recebendo novas unidades e investimentos na ampliação da indústria. Mas está apreensivo: assim como o sucroalcooleiro, precisa de um marco regulatório", havia dito ao DCI o presidente da Aprobio, Erasmo Carlos Battistella. 

O biodiesel atualmente é de 20% a 30% mais custoso, na produção, do que seu congênere fóssil. Os fabricantes do biocombustível pedem ao governo que eleve sua presença, hoje obrigatória a nível de 5%, para 7% na formulação do diesel comum.;

A indústria ainda pretende que os meios de transporte públicos utilizem 20% de biodiesel dentro do total de combustíveis consumidos. O governo propõe o uso de metade deste volume. "Se ficar em 10%, o biodiesel vai continuar baseado em soja. Com mais, as empresas poderão desenvolver outras matérias-primas", afirma Minelli, explicando que o desenvolvimento de uma nova matriz energética – a exemplo do que vem sendo feito pela Vale no Pará, com a Palma – leva até dez anos.

Minelli considera sua indústria responsável por reduzir o nível de ociosidade do setor de óleos vegetais, pois a soja está presente na fabricação de 80%, em média, do biodiesel brasileiro.

Minelli ainda rebate os alertas de analistas de mercado de que pode faltar soja para a produção de biodiesel em 2013, devido aos recentes atrasos no plantio, ao clima adverso no centro-oeste e à preferência às exportações.

A Abiove estima que, no início da safra de 2013/2014, os estoques de passagem terão o menor volume em dez anos.

Bruno Cirillo
Com adaptações BiodieselBR.com