Bunge e Viterra se fundirão para formar potência comercial agrícola de US$34 bi
A comerciante de grãos norte-americana Bunge e a Viterra, da Glencore, estão se fundindo para criar uma gigante do comércio agrícola de aproximadamente 34 bilhões de dólares, anunciaram as empresas nesta terça-feira, em um acordo que provavelmente atrairá uma análise regulatória rigorosa.
O acordo coloca a Bunge mais próxima em escala global de suas principais concorrentes, Archer-Daniels-Midland e Cargill.
As ações da Bunge caíram 2,5%, para 91,45 dólares, nas negociações antes do pregão.
Nos termos do acordo, os acionistas da Viterra receberão cerca de 65,6 milhões de ações da Bunge, com valor de aproximadamente 6,2 bilhões de dólares, e cerca de 2 bilhões de dólares em dinheiro.
A Bunge já é a maior processadora de oleaginosas do mundo e analistas disseram que seus negócios de esmagamento e os da Viterra podem enfrentar escrutínio regulatório no Canadá e na Argentina.
No ano passado, a Bunge foi a maior exportadora de milho e soja do Brasil, a principal fonte mundial de culturas básicas para a fabricação de ração animal e biocombustíveis, segundo dados da transportadora Cargonave. A Viterra foi a terceira maior exportadora de milho e a sétima maior exportadora de soja.
Combinadas, as empresas representaram cerca de 23,7% das exportações brasileiras de milho em 2022 e 20,9% das exportações brasileiras de soja, mostraram dados da Cargonave.
Nos Estados Unidos, o negócio de compra e venda de grãos da Viterra se expandiu com a compra da Gavilon no ano passado. A fusão aumentaria os negócios de exportação de grãos e processamento de oleaginosas da Bunge no segundo maior exportador mundial de milho e soja, onde tem uma presença menor do que a ADM e a Cargill.
O acordo também expande a capacidade física de armazenamento e manuseio de grãos da Bunge na Austrália, grande exportadora de trigo, onde a empresa opera atualmente apenas dois elevadores de grãos e um terminal portuário na parte oeste do país. A Viterra tem 55 locais de armazenamento no sul da Austrália e no oeste de Victoria e seis terminais de exportação de grãos a granel.
A equipe de gestão da Bunge, liderada pelo CEO Greg Heckman, que assumiu o cargo em 2019, quando a própria empresa era alvo de aquisição, supervisionará a entidade combinada.
A Bunge informou que planeja recomprar 2 bilhões de dólares de suas ações para aumentar o acréscimo aos lucros ajustados decorrente do acordo.
Os acionistas da Viterra serão proprietários de 30% da empresa combinada após o fechamento esperado do acordo em meados de 2024, e aproximadamente 33% após a conclusão do plano de recompra.
O maior produtor mundial de óleos vegetais também firmou parcerias com a petroleira Chevron e a gigante de sementes e produtos químicos Bayer para perseguir a crescente demanda por matérias-primas de combustíveis renováveis.
Na Ucrânia, maior produtor mundial de girassol e maior fornecedor de óleo de girassol, uma combinação Bunge-Viterra teria três fábricas de processamento de oleaginosas no sul e no leste do país, em Kharkiv, Dnipro e Mykolaiv.
A aquisição da Viterra traria a receita da Bunge, que foi de 67,2 bilhões de dólares em 2022, mais em linha com a da ADM, que registrou vendas de quase 102 bilhões de dólares no ano passado.
No início de 2017, a Viterra, então conhecida como Glencore Agriculture, tentou adquirir a Bunge, que estava avaliada em 11 bilhões de dólares. A tentativa de aquisição foi rejeitada.
Espera-se que a fusão gere cerca de 250 milhões de dólares de sinergias operacionais brutas pré-impostos anualmente dentro de três anos.
Karl Plume, Anirban Sen, Arunima Kumar e Mrinalika Roy – Reuters