Abiove e Ubrabio rebatem nota da Fecombustíveis sobre o preço do biodiesel
A alta nos preços do biodiesel vem tensionando o relacionamento entre usinas e postos de combustíveis. Nos últimos dias, entidades que representam esses dois segmentos vêm trocando farpas publicamente por meio de notas distribuídas à imprensa.
O primeiro tiro nessa nova disputa foi disparado pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis). Nessa última quinta-feira (22) a entidade que representa os interesses de aproximadamente 41 mil postos de combustíveis publicou nota dizendo que a alta do biodiesel no último leilão bimestral “encarece sobremaneira o preço do óleo diesel” e pressionando o governo por novas reduções na mistura obrigatória.
Por lei, o diesel vendido no Brasil contém 12% de biodiesel. Contudo, o mercado já vem operando com mistura reduzida desde setembro e continuará assim até o final do ano. Atualmente, o mercado está usando 10% e, a partir de novembro, deverá ir para 11%.
A Fecombustíveis cobra que a mistura volte a ser de 8% – patamar que foi usado no mercado brasileiro até fevereiro de 2018. “A única possibilidade de alteração do custo do biodiesel seria pela redução do percentual do diesel na mistura (8%), o que asseguraria o suprimento nacional e evitaria o impacto da alta de preço do biodiesel no custo final do diesel, que tem onerado o bolso do consumidor”, diz a nota da Fecombustíveis.
Contraofensiva
Ontem (28), o setor de biodiesel partiu para a contraofensiva. Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio) publicaram notas rebatendo os argumentos da Fecombustíveis.
Ambas as entidades apontam que os aumentos no preço do biodiesel são derivados de um contexto – alta demanda externa, desvalorização do real e aumento das cotações internacionais – que já elevou os preços da soja em grão em mais de 87% este ano.
“Em contrapartida, o biodiesel sofreu uma valorização menor: 66% no acumulado do período”, diz o texto da Ubrabio no qual acrescenta que comunicado dos postos apresenta “as informações foram distorcidas” para responsabilizar os fabricantes de biodiesel pelos aumentos nos preços finais do combustível.
Já a Abiove aponta que a maior parte dos fatores envolvidos nessa alta tem origem em fatores sobre os quais as indústrias não têm qualquer controle. “70% do aumento do preço da soja de janeiro a setembro deste ano é fruto da desvalorização da nossa moeda [frente ao dólar]”, diz. “Estes pontos já foram incansavelmente apresentados ao setor de revenda de combustíveis nos fóruns adequados”, protestou a nota.
Adotando um tom mais contundente, a Ubrabio reclamou que, quando a Petrobras baixa os preços do diesel, os postos não repassam integralmente reduções para o consumidor e nem se mobilizam para aumentar a mistura quando o biodiesel fica mais barato do que o diesel fóssil.
“O setor de revenda combustíveis, no entanto, segue atuando publicamente para denegrir a imagem do biodiesel em busca de reduzir a participação deste biocombustível no diesel comercial para então aumentar o consumo doméstico de diesel A, um combustível importado e altamente poluente”, pontua a Abiove.
Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com