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Transportadoras pedem mais estudos para aumento na mistura de biodiesel


Diário do Comèrcio - 26 jun 2025 - 09:15

As transportadoras veem com certa preocupação a decisão Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que aprovou, na quarta-feira (25), o aumento da mistura obrigatória de biodiesel no diesel, de 14% para 15%, conhecido como B15, juntamente ao aumento do teor de etanol na gasolina, de 27% para 30%, o E30. As novas composições dos combustíveis entram em vigor a partir de agosto deste ano.

O Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística de Minas Gerais (Setcemg) avalia que a medida carece de mais estudos para verificar a composição ideal e o real impacto nos caminhões, além de uma maior fiscalização da qualidade dos combustíveis por parte da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A ANP, inclusive, anunciou esta semana a suspensão do Programa de Monitoramento da Qualidade dos Combustíveis (PMQC) em julho devido a cortes no orçamento da agência, por conta do último pacote de medidas do governo federal para conter os gastos públicos. Até o momento, a previsão é que a ANP retome a operação fiscalizatória em agosto, quando as novas composições dos combustíveis aprovadas pelo CNPE estarão em vigor.

O vice-presidente do Setcemg, Adalcir Lopes, destaca que, para os veículos de passeio, o aumento do teor de etanol não deverá ser prejudicial, já que o automóvel de fabricação nacional tem na motorização flex uma realidade bem adaptada ao combustível proveniente da cana-de-açúcar.

O mesmo não pode ser dito para a relação dos caminhões e o biodiesel, segundo Lopes. Ele alega que o biodiesel se deteriora rapidamente se não consumido em cerca de 15 dias, o que propicia a criação de bactérias nos tanques de combustíveis, que prejudicam o desempenho e danificam o motor e as peças dos veículos pesados.

O vice-presidente do Setcemg aponta que os estudos utilizados pelo CNPE para a nova mistura do B15 são feitos com biocombustíveis recém-produzidos, ou seja, não consideram essa transformação do insumo ao longo do tempo de armazenagem.

Mais estudos deveriam ser feitos, pontua Lopes, tanto para verificar a proporção realmente ideal de biodiesel no diesel, quanto para identificar a possibilidade da utilização de aditivos, no intuito de coibir a proliferação de bactérias no biocombustível com tanta rapidez.

“No caminhão sabemos que, no exterior, se coloca um biodiesel com qualidade muito superior ao nosso e o máximo que se mistura é 6%. E nós estamos subindo para 15% sem estudos (adequados)”, ressaltou o representante das transportadoras mineiras.

Ele revelou que a Confederação Nacional do Transporte (CNT) solicitou um estudo à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para analisar a questão de percentual ideal e uso de aditivos para as entidades setoriais de transporte debaterem com o governo federal a melhor alternativa para um combustível mais sustentável.

“Os estudos que são feitos são pobres e estamos percebendo um aumento enorme do custo de manutenção, de consumo do diesel. Então, a CNT solicitou à UFMG esse estudo, para que de fato a gente saiba o benefício que está trazendo ou se não está valendo de nada”, afirma Lopes. “Estamos esperando a conclusão desses estudos para a gente procurar o governo para debater, porque nós não somos contra”, completa.

Marco Aurélio Neves – Diário do Comércio