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Política

Ministro do Meio Ambiente pretende incorporar biodiesel à agenda climática


Assessoria Ubrabio - 17 ago 2016 - 11:05

A incorporação do aumento da mistura de biodiesel no cumprimento da INDC brasileira – metas apresentadas na COP 21 para redução das emissões de gases de efeito estufa – foi uma das solicitações do setor de biodiesel ao ministro do Meio Ambiente (MMA), Sarney Filho, durante audiência ocorrida nesta terça-feira (16). Participaram da reunião o presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FrenteBio), deputado Evandro Gussi (PV-SP) e representantes da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio).

Gussi abordou as externalidades positivas do biodiesel e suas contribuições para a agenda ambiental, já que é um combustível renovável e biodegradável, que reduz a emissão dos principais causadores da poluição atmosférica –monóxido de carbono, hidrocarbonetos, material particulado, óxidos de enxofre e dióxido de carbono.

O Brasil é um dos maiores produtores de biodiesel no mundo. Hoje, todo o diesel comercializado no país conta com 7% deste biocombustível, o chamado B7. Tamanhos são os benefícios associados à sua produção e uso, que o governo autorizou, em março deste ano, a evolução da mistura obrigatória para 8% até março de 2017, chegando a 10% até 2019.

Também é facultado aos grandes consumidores de diesel o uso de misturas B20 e B30.

O diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski, apresentou um cálculo realizado pela entidade que mostra de que forma o aumento da mistura de biodiesel pode contribuir para a descarbonização do setor de transportes brasileiro. Segundo os cálculos, com o aumento gradual da mistura obrigatória para B20, em 2025, chegando a B30 em 2030, no setor de transportes, somente o biodiesel poderia contribuir com a redução de 50% das emissões em 2025 e 80% das emissões em 2030.

Além disso, a progressão tornaria o Brasil livre das importações de diesel fóssil.

Tokarski também propôs ao ministro que leve a pauta do B20 Metropolitano aos prefeitos das grandes cidades brasileiras, para que utilizem no transporte coletivo a mistura de 20% de biodiesel no diesel, contribuindo para a melhoria da qualidade do ar dessas metrópoles. “Para uma empresa usar B20, basta requerer à distribuidora, porque esse uso voluntário já está autorizado pelo Conselho Nacional de Política Energética. Nas propriedades rurais, pode ser usado o B30”, explicou Tokarski.

Sarney Filho, que como deputado federal integrou a FrenteBio, comentou sobre a ratificação do Acordo de Paris e sua transformação em Lei no Brasil, que aguarda a sanção presidencial, e propôs aproveitar o momento para incorporar o biodiesel e bioquerosene no discurso das mudanças climáticas. “A nossa decisão política aqui é usar isso, sair na frente e vincular [o uso desses biocombustíveis] ao clima e à poluição urbana”, afirmou.

Óleo de fritura

O Brasil hoje recolhe apenas 2% do óleo de fritura usado. 98% é lançado nos esgotos, causando entupimentos e poluindo as águas. Esse óleo que vai, literalmente, pelo ralo, pode ser transformado em combustível renovável.

A Ubrabio propôs ao MMA uma campanha nacional para promover o recolhimento desse óleo cujo destino final seria a produção de biodiesel, incentivando a inclusão social e produtiva dos catadores, a exemplo do Selo Combustível Social que incentiva a aquisição de matéria-prima da agricultura familiar.

Bioquerosene

Há quatro anos, a Ubrabio e a GOL Linhas Aéreas vêm trabalhando na estruturação de uma cadeia para o bioquerosene.

Com o crescimento dos biocombustíveis no Brasil, um dos impasses é encontrar matéria-prima em escala para produção. Uma das alternativas é a utilização do reflorestamento com a macaúba, uma palmácea nativa, cujo fruto pode fornecer óleo para a fabricação de biocombustível de aviação e diversos outros produtos da química verde.

O diretor de diretor de Biocombustíveis de Aviação da Ubrabio, Pedro Scorza, apresentou um projeto para recuperação do Vale do Rio Doce, nas áreas afetadas pelo rompimento da barragem de rejeitos da Samarco em novembro de 2015.

“Estamos iniciando alguns pilotos no estado de Minas Gerais que se encaixam nas ações de remediação ambiental que serão aplicadas de alguma maneira no Vale do Rio Doce. Nosso pleito é que seja incluído esse projeto porque não é só de remediação, mas também vai gerar uma nova economia, com inclusão econômica e social”, propôs Scorza.