Cresce grupo de empresas que quer liberar carros a diesel
A Aliança Pró-Veículos Diesel (Aprove Diesel), criada com o intuito de obter a liberação da produção e comercialização de veículos de passeio movidos com este combustível, está completando um ano de existência. A entidade foi lançada durante o 10º Fórum SAE Brasil de Tecnologia de Motores Diesel, realizado em Curitiba (PR), em agosto de 2013. Marcando a data, mais três empresas passaram a apoiar a iniciativa: MWM International, Mahle e Honeywell.
No início, o grupo teve a participação das empresas BorgWarner, Bosch e Delphi e apoios do SAE Brasil e da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla). O principal objetivo de fomentar as discussões sobre o retorno dos carros de passeio movidos a diesel ao Brasil. Outra meta é se tornar fonte de disseminação de informações sobre esses veículos.
Durante esse primeiro ano, o grupo conseguiu atingir as esferas Legislativa e Executiva e participa de discussões de projetos de lei para a revogação da proibição do carro diesel no país. Além disso, a Aprove procura mostrar e disseminar estudos feitos a respeito das vantagens do uso do combustível e desmistificar o que chama de "rótulos". Conforme afirma o presidente da Aliança, Vicente Pimenta, "os modernos motores clean-diesel são atualmente, no mundo todo, sinônimo de economia, eficiência energética e conformidade ambiental".
"O primeiro ano de existência da Aliança foi marcado por diversas atividades e também por ter conseguido alcançar seu objetivo de trazer à tona a discussão da liberação do uso do carro diesel, além disso, a entidade se tornou fonte confiável de pesquisa para projetos governamentais e se consolidou como a mais importante associação do segmento", finalizou Pimenta.
Difusão
Vale lembrar que o uso de motores movidos a diesel para veículos de passeio é bastante difundido sendo o Brasil, de acordo com a Aprove, o único país do mundo a ter essa proibição. Na Europa, ainda segundo a entidade, a participação de mercado de veículos de passeio com esse tipo de motor chega a 50%.
Além de novas tecnologias e a possibilidade de se utilizar propulsores de menor cilindrada turbinados, não podemos nos esquecer dos estudos, e utilização em frotas de caminhões e ônibus, do renovável e bem menos poluente biodiesel. O uso do diesel é permitido no país somente para jipes, utilitários esportivos (SUV) 4x4 e picapes com capacidade de carga acima de uma tonelada.
Consta no site da entidade (aprovediesel.com.br) a seguinte explicação: "Um grande problema dos motores diesel antigos era a emissão de fumaça preta. Com a evolução tecnológica e a legislação com limites cada vez mais apertados para todos os poluentes dos gases de escape, ela foi sendo reduzida até desaparecer visualmente. Os níveis de emissões para os veículos diesel leves caíram a valores muito baixos, especialmente material particulado e óxidos de nitrogênio, atendendo aos mesmos limites dos mais modernos motores Otto com injeção direta".
Opiniões
Como qualquer outro assunto polêmico, a liberação do uso do diesel para carros de passeio encontra opiniões contrárias. Os que defendem a manutenção da proibição alegam que ela está ligada à política brasileira de combustível, que subsidia o preço do diesel para incentivar o transporte público e baratear o de cargas e passageiros.
Argumentam, também, que o maior custo desses veículos faz com que o diesel seja viável somente para longos trajetos diários, como no caso de taxistas. Afinal, estima-se que o valor estaria entre 15% e 20% maior se comparado ao preço de um carro movido à gasolina. Outro argumento contrário diz respeito à qualidade do diesel brasileiro, que é energeticamente ineficiente, quando comparado ao que hoje é vendido no mercado internacional.
A discussão promete ser longa, sem um desfecho próximo no horizonte, mas deve ser levada a cabo num momento em que consumo de combustível e eficiência energética estão na pauta do dia de todas as montadoras.
Além disso, uma possível liberação poderia vir a ser o incentivo que falta para o uso do biodiesel no Brasil. Os prós e os contras devem ser colocados na balança e este diálogo é saudável.
José Oswaldo Costa – Diário do Comércio
Com adaptação BiodieselBR.com