PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Saúde

Reduzir 10% da poluição de SP 'economizaria' US$ 10 bi em 20 anos


G1 e Valor Online - 02 out 2012 - 13:17 - Última atualização em: 03 out 2012 - 11:16

A redução em 10% da poluição na cidade de São Paulo causaria, em um período de 20 anos, a economia de US$ 10 bilhões em gastos com saúde e efeito da capacidade laboral, disse nesta segunda-feira (1º) o médico Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP. Ele fez uma apresentação na Conferência Biodiesel BR, em São Paulo. O evento discute possibilidades e avanços para o uso do biodiesel no país.

“Eu sou médico, mas esse dado mostra como que, até do ponto de vista econômico, a redução da poluição seria melhor”, comenta.
São os mais pobres que pagam a conta. São eles que ficam mais tempo nos corredores de ônibus e passam mais tempo no trânsito"
Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP

Ele diz, ainda, que os pobres são os que mais sofrem com o efeito da poluição em São Paulo. “São os mais pobres que pagam a conta. São eles que ficam mais tempo nos corredores de ônibus e passam mais tempo no trânsito”, afirmou, explicando que a população que vive em regiões periféricas demora mais tempo para chegar ao trabalho.

O especialista chegou aos US$ 10 bilhões confrontando dados de uma série de pesquisas publicadas em revistas científicas. De acordo com ele, a redução de 10% da poluição evitaria a morte de 114 mil pessoas. Essas mortes evitadas é que gerariam a economia de US$ 10 bilhões nos 20 anos, levando em conta as despesas médicas e a capacidade laboral desses indivíduos.
 
4 mil mortes por ano
O médico afirmou, ainda, que 4 mil pessoas morrem por ano devido a poluição do ar na cidade de São Paulo, ressaltando que 40% da poluição é causada pelas emissões do diesel – daí a importância para a substituição do combustível por um menos prejudicial à saúde. Ele ressalta, ainda, que 10% da frota da capital é movida a diesel.

Apesar de afirmar que o biodiesel também “não é perfume”, Saldiva ressalta que ele emite menos CO2, além de possibilitar o uso de catalizadores em ônibus. “Ele tem baixo teor de enxofre, o que permite colocar catalizador”, afirmou. “É preciso repensar a mobilidade da cidade (...), o que exige mais transporte público. E eu não consigo pensar em novos ônibus com motor a diesel”, afirma.

O especialista ressaltou, ainda, que as mortes por poluição no mundo aumentam a cada ano e, geralmente, têm concentração nas áreas mais pobres, que investem menos na redução da poluição. Saldiva destacou que as mortes por poluição no mundo, atualmente em 2 milhões, devem atingir 4 milhões em 2050. “No fundo, trocamos saúde por dinheiro”, avalia.

Gabriela Gasparin
Portal G1

Poluição mata mais que Aids e tuberculose em SP, diz professor da USP

A poluição em São Paulo, causada em grande parte pela queima de combustíveis fósseis utilizados para transporte, é responsável pela morte de cerca de 4 mil paulistanos todos os anos. O número, segundo o médico e professor da Universidade de São Paulo (USP) Paulo Saldiva, é maior do que a mortandade na capital causada por Aids e tuberculose.

“São Paulo tem 28 microgramas de poluentes causadas pela queima de combustíveis por metro cúbico. O limite considerado tolerável pela Organização Mundial da Saúde é de 10 microgramas”, afirmou nesta segunda-feira durante a Conferência Internacional Biodiesel BR 2012.

Ainda segundo estudo apresentado pelo professor, se a capital reduzisse em 10% os níveis da poluição do ar entre 2000 e 2020, 114 mil paulistanos não morreriam no período. O dado é um alerta para que esse tipo de custo comece a ser levado em conta quando se pensa na adoção de uma matriz energética, na visão de Saldiva.

“Porque o cálculo econômico acaba quando o combustível chega à bomba? E o custo para a saúde pública e a perda de capital humano? Toda cidade que diminuiu a poluição aumentou a expectativa de vida de seus habitantes. Se eu morasse em Curitiba, por exemplo, ganharia três anos de vida”, disse para depois se colocar como “favorável a desenvolver tecnologias que se adequem a uma planilha que leva em conta o custo humano”.

Saldiva ainda lembrou que a OMS colocou, em julho último, o diesel na lista de produtos que contém substâncias cancerígenas 1A, consideradas as com maior potencial de desenvolvimento da doença em seres humanos. “São Paulo está com o mesmo nível de poluição de Los Angeles na década de 1970. Curiosamente ou não, nossa legislação sobre a questão é dessa mesma época.”

Rodrigo Pedroso | Valor Online
Tags: Poluição