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Saúde

Queima de combustíveis fósseis mata 1,2 milhão de pessoas por ano


RTP - 27 out 2022 - 09:09

Um estudo concluiu que o "vício em combustível fóssil" degrada a saúde pública. Em todo mundo, a queima de carvão, petróleo e gás natural mata 1,2 milhão de pessoas por ano.

A pesquisa relata aumento das mortes por calor, fome e doenças infecciosas à medida que a crise climática se intensifica. Afirma que os governos continuam a dar mais subsídios aos combustíveis fósseis do que aos países mais pobres, que sofrem os impactos do aquecimento global.

[O relatório Health at the Mercy of Fossil Fuels, do grupo Lancet Countdown, sobre saúde e mudanças climáticas, foi feito por cerca de 100 especialistas de 24 instituições e publicado na véspera da Cúpula do Clima, no Egito. "A crise climática nos matando. Prejudica não apenas a saúde do planeta, mas também a saúde das pessoas em todos os cantos do mundo – por meio da poluição, diminuição da segurança alimentar, dos maiores riscos de surtos de doenças infecciosas, do calor extremo, das secas e inundações”, alertou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres.

O estudo revela ainda que só nos Estados Unidos são registradas 11.800 mortes devido à poluição do ar.

"A nossa saúde está à mercê dos combustíveis fósseis", disse Marina Romanello, pesquisadora de saúde e clima da University College of London e diretora executiva da Lancet Countdown.

O relatório, que acompanha 43 indicadores de saúde e clima, incluindo a exposição ao calor extremo, conclui que as mortes relacionadas às temperaturas elevadas nas populações mais vulneráveis – bebés com menos de um ano de idade e adultos com mais de 65 anos – aumentaram 68% nos últimos quatro anos em comparação com o período de 2000 a 2004.

“As ondas de calor não são apenas muito desconfortáveis, elas são letais para pessoas com vulnerabilidades”, afirmou a pesquisadora..

"Estamos vendo um vício persistente em combustíveis fósseis, que não está só aumentando os impactos das alterações climáticas na saúde, mas que agora soma-se a outras crises simultâneas que estamos enfrentado globalmente, incluindo a pandemia da covid-19, a crise do custo de vida, a crise energética e a crise alimentar, desencadeadas após a guerra na Ucrânia", acrescentou Marina.

"Descobriu-se que a combustão de gás em carros a carvão em centrais termoelétricas provoca asma nas crianças e problemas cardíacos. Prescrever um inalador não vai resolver a causa de um ataque de asma para um menino que vive próximo de uma estrada, onde os carros produzem poluentes perigosos, e as alterações climáticas aumentam a fumaça de incêndios florestais, pólen e poluição por ozono", disse a médica.

O professor de medicina da Universidade de Calgary Courtney Howard, que não fez parte do estudo, afirmou que o relatório da Lancet mostra o aumento das mortes por poluição do ar e calor, alertando que as pessoas "continuam a ter o comportamento habitual, apesar dos danos conhecidos".

"Até agora, o nosso tratamento ao nosso vício em combustíveis fósseis tem sido ineficaz", concluiu.

Os investigadores explicaram ainda que as cerca de 1,2 milhões de mortes por ano em todo mundo por pequenas partículas no ar baseia-se em "imensas evidências científicas", de acordo com a professora da Harvard School of Public Health Renee Salas.