Soja não deve ter 'reviravolta' no mercado e alta de preços, prevê consultoria
Os cenários de soja e milho não devem ter uma “reviravolta” de preços nos mercados internacionais, direcionando para alta por bushel. O dólar mais alto pode auxiliar o produtor no Brasil a comercializar a oleaginosa e compensar custos operacionais do primeiro semestre nas lavouras. É o que prevê a consultoria de agronegócios Itaú BBA.
O bom andamento da safra dos Estados Unidos é o principal fator para pressão das cotações na bolsa de Chicago e somente um evento climático inesperado poderia fazer os preços subirem, como afirma Francisco Queiroz, analista da consultoria.
A projeção de produção de soja no Brasil da entidade financeira é de 163 milhões de toneladas para o ciclo de 2024/25 contra os 169 milhões de toneladas previstos pelo USDA. Embora, a estimativa do Itaú seja menor que a do órgão americano, os analistas se dizem otimistas, especialmente pela projeção de produtividade em Mato Grosso, com potencial atenuação de riscos climáticos com o La Niña.
Porém oferta maior é sinal ao produtor brasileiro de queda de preços no mercado doméstico, de R$ 120 a saca para R$ 110 a saca em Mato Grosso, praça que é referência das análises do Itaú BBA.
Segundo Queiroz, o produtor brasileiro não pode contar com altas e deverá se acostumar com esse cenário para a safra 2024/25, vendendo seus estoques nos pontuais impulsos de preço que aparecerem em Chicago.
Outro fator que se somará à pressão de cotações na bolsa americana é a safra de soja 2024/25 na Argentina, que apresenta um crescimento de 1 milhão de toneladas nessa temporada, para 51 milhões de toneladas de soja. Embora seja pouco acima do resultado de 2023/24, a consultoria alerta para a redução de área de cultivo de milho em favor da soja.
Para a Argentina, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projeta um aumento de 2,4% da área em 2024/25, o que, “combinado com uma produtividade média em linha com a observada na última safra, deve resultar em uma produção de 51 milhões de toneladas”, reafirma o relatório do Itaú BBA.
“Isso vai depender do clima e de como a La Niña vai agir sobre os campos argentinos, que historicamente costumam sofrer bastante com a seca que assola o sul da América do Sul e isso será um ponto de atenção do mercado”, explicou Queiroz.
Isadora Camargo – Globo Rural