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Sebo bovino

Sebo bovino no pódio do biodiesel


Diário de Pernambuco - 22 mai 2012 - 09:03
Quixada2-220512O sebo bovino, que há 20 anos era descartado pelos frigoríficos, hoje é uma das alternativas mais viáveis para a fabricação de biodiesel. A soja ainda é a principal matéria-prima, adotada em 71,10% da produção nacional. Mas o sebo já ocupa a segunda posição, com cerca de 18% de participação, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP). Em 2011, o Brasil produziu 1,4 milhão de toneladas de sebo, volume que pode ajudar na atual demanda para a mistura com o diesel. O percentual em vigor é de 5%. Mas a perspectiva é de que ele suba para 20% nos próximos oito anos.

Mas de onde vem o sebo bovino? “Os frigoríficos fazem o abate, retiram a carne e o restante é o que chamamos de graxaria. São basicamente os ossos, que são triturados. Quando vão para o digestor, a parte mais dura é usada na fabricação de farinha para ração animal. E a gordura derrete, dando origem ao sebo bovino”, explica Daniel Geraldes, presidente da Fenagra (Feira Internacional das Graxarias).

“O país vem aumentando a mistura de biodiesel ao diesel. Já passou de B2 para B5 (de 2% a 5%) e vai chegar ao B20 (20%). Esse é um novo mercado que se abre para a indústria de graxaria”, defende Geraldes.

Segundo ele, 57% do sebo produzido no país vão para a indústria de higiene e limpeza (sabão). O biodiesel é o destino de 24% do sebo, seguido pelo pet food (13%). Uma tonelada do sebo chega a custar R$ 2 mil.

De acordo com o levantamento da ANP, o Sudeste é a região que mais utiliza o sebo bovino na produção de biodiesel, com 40,33% do total, contra 34,47% fabricados a partir da soja. Em seguida, vem a região Norte, com 34,39% de participação, enquanto o óleo de soja representa 65,61%. No Centro-Oeste, onde está a maior produção de biodiesel do país, apenas 6,46% é processado através do sebo. Apesar de ter uma grande produção de carne, a maior parte é feita com o óleo da soja, que responde por 87,59%.

O Sul, segundo maior produtor de biodiesel, produz 73,48% com o óleo de soja e 23,27%, com a gordura bovina. No entanto, o Nordeste é a região que menos aproveita o sebo do boi para produzir biodiesel, com somente 4,42% do total. Aqui, o óleo de algodão (50,65%), o de soja (38,56%) e o de palma (6,36%) são os mais utilizados.

Uma das razões para isso é que só existe uma única planta no Nordeste que fabrica o biodiesel a partir do sebo bovino. É a unidade de Quixadá (CE), da Petrobras. Em 2011, produziu 235 mil litros de biodiesel com essa matéria-prima. Mas a estatal afirma que há outra unidade na região, a usina de Candeias (BA), que está em manutenção para iniciar a operação com sebo bovino. De 2008 (ano de criação da Petrobras Biocombustível) até o ano passado, a estatal saltou de uma capacidade de 114 milhões para 721,4 milhões de litros/ano.

Mirella Falcão
Tags: Nordeste Sebo