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EUA

Produção de petróleo dos EUA deve cair pela 1ª vez desde a pandemia


Valor Econômico - 11 jun 2025 - 10:44

A produção de petróleo dos EUA cairá no ano que vem pela primeira vez desde a pandemia de covid-19, de acordo com uma previsão do governo, informou ontem o diário britânico “Financial Times”, com base em números do governo americano. A projeção lança novos desafios sobre a agenda de “domínio energético” do presidente dos EUA, Donald Trump.

A Administração de Informação de Energia (EIA, pelas iniciais em inglês), uma divisão do Departamento de Energia, disse ontem que a produção de petróleo dos EUA cairia do recorde atual de 13,5 milhões de barris por dia para cerca de 13,3 milhões de barris/dia até o final do ano que vem, já que a queda nos preços do petróleo abala o setor.

“Com menos sondas de perfuração ativas, prevemos que as operadoras americanas perfurarão e concluirão menos poços até 2026”, afirmou a EIA em um relatório mensal publicado ontem. O número de sondas ativas “diminuiu muito mais” do que o previsto em um relatório anterior, afirmou a agência.

A previsão oficial sombria surge poucos meses após Trump ter sido reeleito ao final de uma campanha presidencial na qual ele prometeu “liberar” a perfuração americana, promover mais produção de petróleo e reduzir os preços da energia.

A crescente produção de xisto nas últimas duas décadas fez dos EUA o maior produtor mundial de petróleo e gás, perturbando os mercados globais de commodities e ao mesmo tempo alimentando a indústria nacional com um fluxo constante de energia barata.

A produção anual caiu pela última vez em 2021, durante a pandemia de covid-19 no primeiro mandato de Trump, mas se recuperou com o aumento dos preços do petróleo durante o governo de Joe Biden.

A nova previsão do governo, que ecoa as previsões dos executivos do xisto, ressalta o estresse enfrentado pelo setor, já que o aumento da oferta do cartel Opep+ (Organização dos países Exportadores de Petróleo, mais aliados independentes) e a ansiedade sobre o impacto das guerras comerciais de Trump na economia global pressionam os preços do petróleo para baixo.

As tarifas de Trump sobre as importações de aço e alumínio também aumentaram os custos do aço e outros insumos cruciais no setor de petróleo, reduzindo as margens das perfuradoras, dizem executivos.

A escala da queda da produção petrolífera americana só não será substancialmente maior em razão de uma antiga fonte da commodity: o Golfo do México. Os produtores da área acrescentarão 300.000 barris à produção diária dos EUA este ano e mais 250.000 barris em 2026 - devido a projetos de muitos anos em andamento, segundo informou a consultoria Wood Mackenzie à agência Bloomberg.

Isso aumentará a produção na região para mais de 2 milhões de barris por dia, cerca de 40% a mais do que a de 2020.

A empresa de serviços de campos petrolíferos Baker Hughes disse na semana passada que o número de plataformas de petróleo operando nos EUA caiu para 442, uma queda de nove em uma semana e 50 a menos que no ano anterior. O West Texas Intermediate (WTI), referência do petróleo dos EUA, fechou ontem em US$ 64,98 o barril, uma queda de 17% desde a máxima deste ano - e abaixo do preço necessário para que muitas empresas de perfuração de xisto atinjam o ponto de equilíbrio.

A EIA afirmou que os preços internacionais do petróleo cairiam para menos de US$ 60 o barril em 2026. “O governo atual está causando muito caos. Estou realmente preocupado com o fato de não haver um plano”, disse Wil VanLoh, chefe da empresa de private equity Quantum Capital Group, uma das maiores investidoras da área de xisto, na Energy Capital Conference, em Houston, há uma semana. Alguns analistas preveem uma queda ainda mais acentuada na produção de petróleo dos EUA nos próximos meses.