[CBBR 2023] O futuro do RenovaBio
O RenovaBio é uma das principais ferramentas do governo brasileiro para incentivar a descarbonização da matriz nacional de transportes. Lançado no final de 2017, essa iniciativa obriga as distribuidoras comprarem créditos de carbono emitidas por usinas de biocombustíveis – remunerando um serviço ambiental que os renováveis geravam, mas que não era valorizado. A meta é que esses recursos ajudem a diluir os custos dos fabricantes e, dessa forma, permitindo que os biocombustíveis ‘roubem’ um naco maior do mercado que hoje é dominado pelos combustíveis fósseis.
O debate sobre como o programa deve evoluir nos próximos anos e quais os reflexos para o setor de biodiesel abriu o segundo dia da Conferência BiodieselBR 2023, com o título “O Futuro do RenovaBio no Novo Governo”, o painel teve as participações do diretor do Departamento de Biocombustíveis do MME, Marlon Arraes; do superintendente adjunto de Biocombustíveis e Qualidade de Produtos da ANP, Fábio Vinhado; do diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski; ex-diretor da ANP e socio da Schmidt Valois Advogados, Aurélio Amaral.
Desafio do diesel
Para o diretor do Departamento de Biocombustíveis (DBio) do Ministério de Minas e Energia, Marlon Arraes, um dos grandes desafios para a transição energética nos transportes está justamente no mercado de diesel; especialmente em segmentos onde a eletrificação encontra dificuldades para se viabilizar. “O setor de transportes pesados realmente contribui bastante para o desafio de descarbonizar [os transportes]”, diz ao apresentar projeções do ministério que indicam que as emissões do ciclo diesel devem continuar crescendo e atingir 200 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente por volta do final da década. “O biodiesel é o principal vetor para a redução das emissões de veículos pesados”, afirmou.
Superar esse desafio é parte fundamental para que o Brasil cumpra os compromissos de descarbonização que assumiu no junto à Organização das Nações Unidas (ONU) de uma forma economicamente eficiente. De acordo com Marlon, os resultados que foram apresentados até agora pelo RenovaBio – com 104,6 milhões de toneladas de carbono evitadas por R$ 8,7 bilhões – faz desse um programa eficiente. “É a descarbonização mais barata que o mundo já viu para o setor de combustíveis”, comemorou.