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Biodiesel

Perspectivas para a produção de biodiesel a partir de óleo de coco (Cocos nucifera L)


Zoonews - 17 ago 2006 - 07:51 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

A produção de coco seco no Brasil é direcionada para a indústria de alimentos visando a obtenção de coco ralado, leite de coco, doces ou mesmo consumido de forma “in natura,” como parte da culinária regional do Nordeste. Na maioria dos países produtores, o coco é utilizado para a produção de óleo, contendo aproximadamente 50% em ácido láurico, característica esta que lhe confere uma boa cotação no mercado de cosméticos.

Considerando-se uma densidade de plantio de 160 plantas/ha, e uma produção de 100 frutos/planta/ano, utilizando-se coqueiros híbridos intervarietais com espaçamento de 8,5 m de lado em triângulo eqüilátero, seria possível obter uma produção de 16.000 frutos/ha, que corresponderia a 2.553 kg de copra (albúmen desidratado a 6% de umidade). Desta produção, poderiam ser obtidos aproximadamente 1.481kg de óleo/ha, sendo superada apenas pela cultura do dendê que pode produzir até 5.000 kg de óleo /ha. Considerando-se a produção média nacional de 30/frutos/planta/ano, e uma densidade de 100 plantas/ha, assim como os índices mencionados anteriormente, a produção média de óleo seria de aproximadamente 300 kg/ha, bastante abaixo do potencial da cultura. Tomou-se como base para a obtenção destes resultados, um peso médio da noz de 580g, um teor de copra correspondente a 27,52% da noz e um percentual de 58% de óleo/copra. Ressalte-se nesta oportunidade, que os índices utilizados para a obtenção da produção de óleo neste caso, basearam-se em resultados obtidos para populações nativas de coqueiros, assim como em informações prestadas pelos setores ligados a indústria de alimentos.

Embora estas informações possam ser consideradas um referencial para a produção de óleo de coco, estes valores poderão sofrer alterações a depender do material genético utilizado, sistema de produção adotado, idade dos frutos colhidos e condições de solo e clima onde se encontra o plantio. No exemplo a que nos referimos anteriormente, é possível que o rendimento obtido seja superior àquele que foi citado, situação observada quando são adotadas práticas de manejo que permitem suprimento adequado das condições nutricionais e hídricas das plantas. Resultados obtidos de amostras de diferentes cultivares de coqueiros gigantes e híbridos indicam uma variação de 63,03% a 72,66% de óleo na copra, o que permitiria um significativo aumento da produção de óleo/ha, principalmente quando associado a um incremento do número de frutos /planta e do peso da noz / fruto, normalmente obtido quando se utiliza sistemas intensivos de produção.

A inclusão da cultura do coqueiro entre as oleaginosas com potencial para produção de biodiesel no Brasil, constitui-se portanto numa alternativa a ser analisada pelos órgãos de desenvolvimento, reforçando assim a necessidade implementação de um programa de revitalização da cultura, sob pena de não ser atendido o significativo aumento da demanda de matéria prima. Além do óleo de coco, seria possível aumentar a produção de outras culturas oleaginosas e/ou alimentícias, tendo em vista a grande capacidade de adaptação do coqueiro a sistemas consorciados de cultivo, sem a necessidade portanto de ocupação de novas áreas de plantio. Ressalte-se nesta oportunidade, que o coqueiro é cultivado predominantemente por pequenos produtores, ocupando em sua maioria solos de baixa fertilidade com pouca aptidão agrícola para a maioria das culturas, o que de certa forma permitiria a inclusão social de um segmento da população situado à margem do desenvolvimento.

Humberto Rollemberg Fontes é Engo Agro MSc Fitotecnia Pesquisador Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju -SE)