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Biodiesel

Lobão defende biocombustíveis como exemplo


Tribuna do Norte - 01 ago 2008 - 05:42 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

Presença confirmada no segundo seminário “Os Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte”, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, é defensor da política de biocombustíveis do Brasil. Segundo ele, a experiência que o país tem com a produção de álcool – e mais recentemente o biodiesel – pode servir de exemplo para os demais países no momento em que a preocupação com o aumento do preço do petróleo toma conta do mundo.

O titular da pasta de Energia do governo federal esteve na cidade de Jeddah, na Arábia Saudita, no mês passado chefiando a delegação brasileira durante um encontro de ministros de Energia, líderes e dirigentes das maiores companhias petrolíferas do mundo. A necessidade de conter a escalada dos preços foi a principal conclusão do evento. Lobão analisa que, se os preços atuais se mantiverem, haverá uma recessão em diversos países por causa do impacto do preço da energia em vários setores, inclusive nos alimentos.

“Aumentará a necessidade de políticas de conservação de energia, de ampliação da fronteira de prospecção e aproveitamento das reservas existentes e, principalmente, da busca por fontes renováveis de energia”, explica. Mas é diante desse quadro que o ministro se impressiona com algumas críticas à política e uso de biocombustíveis defendida pelo Brasil. “Sustentabilidade abrange aspectos sociais, econômicos e ambientais”.

Edison Lobão argumenta que, na área econômica, o Brasil é reconhecido como o produtor mais competitivo de biocombustível. No aspecto social, o cultivo de cana-de-açúcar e oleaginosas contribui para a geração de mais de 1 milhão de empregos, no primeiro caso, e participação de 100 mil famílias de pequenos agricultores no segundo. Quanto à questão ambiental, ele enfatiza: “os biocombustíveis são instrumentos valiosos para a redução da emissão de CO2 na atmosfera”.

“Hoje, a matriz energética brasileira é a que conta com a maior participação de energias renováveis. Com uma política energética adequada, poderemos enfrentar os desafios do futuro”.

As idéias do ministro não se contrapõem à indústria do petróleo. Segundo ele, reconhecer a importância da participação dos biocombustíveis em uma estrutura sustentável para o mundo não é algo antagônico ao uso do óleo. Ele defende que esta seja uma estratégia que agregue valor ambiental aos combustíveis fósseis, tornando-os menos danosos ao planeta.

A energia, em suas mais diversas formas, também tem papel fundamental para os segmentos de Comércio, Serviços e Turismo no Rio Grande do Norte. Preocupados com o impacto que ela traz aos custos finais – algo que varia de 10% a 25% - os empresários destes setores buscam apoio no poder público para tentar reduzir os gastos. No entanto, eles querem mais do que somente subsídios em impostos. O estímulo ao uso de fontes alternativas de energia é, por exemplo, uma das ações defendidas pelo presidente da Federação do Comércio, Serviços e Turismo (Fecomercio RN), Marcelo Queiroz, para ajudar na diminuição dos gastos com energia. Um programa que divulgue a importância e necessidade do uso racional da energia também é defendido. Queiroz acredita que o primeiro passo para difundir estas novas opções tenha que vir do poder público, embora a entidade tenha projetos nesse sentido, estando pronta para ajudar. Diante da necessidade de discutir esses e outros gargalos da energia no RN, a Fecomercio é uma das parceiras da Tribuna do Norte na realização do  projeto Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte. O segundo seminário, com o tema energia, que será realizado na próxima segunda-feira, no auditório da Casa da Indústria. Em entrevista à Tribuna do Norte, Marcelo Queiroz também destaca a importância desta parceria.

Qual a importância da energia para os setores nos quais a Fecomercio RN atua?
A energia é fundamental em todos os setores da economia e no segmento de Comércio, Serviços e Turismo não é diferente. Não temos dados exatos, mas estimamos que, em média, os custos da energia representem entre 10% e 25% dos custos finais destes setores. Ela varia de acordo com o porte das empresas e os setores em que atuam.
 
Quais são os principais custos energéticos hoje para o comércio e os serviços?
No caso do Comércio, Serviços e Turismo, a energia elétrica é a que mais pesa. Os combustíveis têm custos maiores em segmentos como o de transporte, onde ele chega a representar 40% do custo total das empresas. No Comércio, nós arcamos com este custo de forma indireta, com o aumento dos produtos em virtude do aumento dos custos de frete.
 
Qual seria a solução para reduzir estes custos?
Um apoio do governo no sentido de reduzir os impostos incidentes sobre a energia elétrica para o setor produtor seria muito bem vindo. Mas, infelizmente, o que nós vemos é o contrário. Desde o início do ano, o governo do RN elevou a alíquota do ICMS sobre a energia para os consumidores com consumo acima de 300 kwH por mês, o que teve impacto em praticamente todas as empresas do setor de comércio e serviços do estado. No caso dos custos com combustíveis, uma aposta maior no uso de fontes alternativas, como o nosso álcool e um trabalho no sentido de reduzir a dependência do transporte  rodoviário seriam bons primeiros passos.
 
Já existem subsídios de energia do poder público para o comércio, serviços e turismo?
Não. Pelo contrário.
 
Os empresários já tentaram negociar estes benefícios de alguma forma?
Estamos realizando um trabalho de levantamento geral dos reais impactos da energia nos custos das empresas. A partir daí, poderemos desenvolver uma proposta de apoio do poder público nesta redução de custos.
 
Hoje, a indústria tem um novo “apagão” energético no país. Essa “crise” também preocupa o comércio?
Lógico que sim. O comércio e a indústria são duas partes de uma engrenagem. Um não vive sem o outro. Um aumento de custos da indústria tem impacto direto, imediato, no comércio e vice-versa.
 
O gás natural tem sido apontado como uma alternativa para diversos setores. Ele já está difundido entre as empresas ligada à Federação? É uma alternativa viável?
No nosso caso, o segmento que tem maior potencial para usar o gás como forma alternativa de reduzir seus custos com energia é o de turismo. Os hotéis de Natal estão prestes a começar a usar, de forma maciça, o gás para atender às suas demandas. A Potigás, responsável pela distribuição do combustível no estado, está finalizando um projeto neste sentido. Estamos aguardando a efetivação deste projeto para que possamos medir os seus efeitos práticos nas empresas.

Existem outras possibilidades de uso de fontes alternativas de energia, como a energia solar, e que são defendidos pela Fecomercio?
Tudo o que for alternativo e puder reduzir custos é apoiado por nós. A energia solar, ainda é muito incipiente no RN, pode ser mais disseminada. Temos alguns hotéis que a usam, mas ainda de forma muito tímida.
 
Os conceitos de desenvolvimento sustentável sugerem hoje o uso racional da energia. Como a Fecomercio tem trabalhado junto aos empresários para difundir esses conceitos?
Procuramos realizar eventos e divulgar entre nossos filiados todas as ações neste sentido. Mas, é importante destacar, que a iniciativa deste tipo de projeto precisa partir do Poder Público. Estamos prontos para ser parceiros.
 
Qual a importância do seminário Motores do Desenvolvimento para os empresários ligados a Fecomercio?
Um seminário como este é uma oportunidade ímpar de discutirmos os gargalos, as soluções e as perspectivas para nossa economia. É a hora de apresentarmos os problemas que vimos enfrentando e discutir saídas para eles. É fundamental este tipo de debate para fomentar o desenvolvimento econômico do estado.