Soja e biodiesel puxam revisão e levam PIB da cadeia a crescer quase 12% em 2025
O avanço da agroindústria no terceiro trimestre levou a uma nova revisão positiva do Produto Interno Bruto (PIB) da cadeia da soja e do biodiesel em 2025. Um levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), indica crescimento de 11,66% no ano, sustentado pelo aumento do processamento de soja e pela aceleração da produção de biodiesel.
A cadeia da soja e do biodiesel ocupa posição central no agronegócio brasileiro, com forte concentração produtiva no Centro-Oeste, Sul e Matopiba, além de ampla integração entre produção agrícola, esmagamento, refino, biodiesel e agrosserviços. A colheita de uma safra recorde de soja em 2024/25 reforçou a disponibilidade de matéria-prima para a indústria ao longo de 2025.
No segmento de esmagamento, o desempenho acompanhou a revisão das perspectivas da Abiove para o ano, com maior utilização da capacidade industrial. No biodiesel, a elevação da produção no terceiro trimestre esteve associada à entrada da mistura obrigatória B15, em vigor desde 1º de agosto, ampliando a demanda por óleo de soja.
Segundo os pesquisadores do Cepea e da Abiove, a estimativa de crescimento de 11,66% do PIB da cadeia em 2025 representa uma alta de 0,37 ponto percentual em relação ao relatório anterior. O resultado reflete o avanço da agroindústria e seus efeitos sobre os agrosserviços. Com esse desempenho, a cadeia da soja e do biodiesel deve responder por 23% do PIB do agronegócio brasileiro e por 5,7% do PIB nacional em 2025.
Apesar da expansão da atividade, os preços relativos da cadeia apresentaram deterioração no terceiro trimestre. Entre janeiro e setembro de 2024 e o mesmo período de 2025, os preços recuaram 7,27%. De acordo com o Cepea/Abiove, o movimento decorre de um efeito de base, associado às fortes elevações de preços registradas no terceiro trimestre de 2024, já que, em 2025, houve alta ao longo do trimestre.
A queda dos preços relativos levou a uma nova revisão da estimativa de renda da cadeia. A projeção atual aponta crescimento de 3,54% em 2025, interrompendo uma sequência de três anos de retração, mas abaixo dos 11,19% estimados no relatório anterior. A expansão dos volumes produzidos manteve a renda em trajetória positiva.
Os estudos também indicam que, com base nas informações disponíveis até o fim do terceiro trimestre de 2025, o PIB gerado por tonelada de soja produzida e processada pode ser 4,2 vezes superior ao PIB gerado pela soja produzida e exportada sem processamento.
O mercado de trabalho
No terceiro trimestre de 2025, o número de pessoas ocupadas na cadeia da soja e do biodiesel cresceu 7,15% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 2,39 milhões de trabalhadores. A participação da cadeia correspondeu a 2,34% da economia brasileira e a 10,35% do agronegócio.
De acordo com pesquisadores do Cepea/Abiove, o aumento das ocupações esteve concentrado nos segmentos antes da porteira e nos agrosserviços. O segmento de insumos registrou alta de 7,09% no número de trabalhadores, cerca de 10 mil pessoas a mais, associada à ampliação da área plantada e ao uso crescente de tecnologia. Nos agrosserviços, o avanço foi de 12,08%, impulsionado pela maior produção física e pelo aumento do processamento industrial.
Dentro da porteira, o número de ocupações na soja recuou 6,98%, com redução de 30.291 trabalhadores, resultado associado a ganhos de produtividade. O Rio Grande do Sul concentrou a maior perda, com 26.655 ocupações a menos, em função da quebra de safra causada por adversidades climáticas. Na agroindústria, houve redução nas indústrias de rações e de esmagamento e refino. O aumento observado no biodiesel não compensou as quedas nos demais segmentos.
Comércio exterior
As exportações brasileiras da cadeia da soja e do biodiesel somaram 35,54 milhões de toneladas no terceiro trimestre de 2025, crescimento de 11,78% na comparação anual. A receita alcançou US$ 14,5 bilhões, alta de 4,47%, sustentada pelo aumento dos volumes embarcados.
O crescimento mais moderado da receita refletiu a queda dos preços de exportação da soja em grão e do farelo, pressionados pela ampla oferta no mercado internacional, apesar da demanda firme. Para a safra 2025/26, as projeções indicam redução da disponibilidade global, com expectativa de menor produção.
No caso da soja em grão, os embarques cresceram principalmente para a China e o Sudeste Asiático. Para o farelo de soja, destacaram-se União Europeia e Leste Asiático. No óleo de soja, a demanda doméstica limitou as exportações, com redução dos volumes destinados à China e a outros mercados.