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Negócio

Opep prevê alta de 24% na demanda por energia até 2050


Valor Econômico - 25 set 2024 - 10:22

A coexistência do petróleo e gás com fontes renováveis de energia dá o tom do caderno anual de perspectivas para o setor elaborado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Lançado nesta terça-feira (24) na ROG.e, evento promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) no Rio, o estudo reforça a necessidade de combinar a produção da commodity com a busca por redução das emissões de gases de efeito estufa.

Conforme a publicação, a Opep estima que a demanda por energia global deve aumentar 24% até 2050, induzida pelo crescimento dos países de fora da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Para atender a essa demanda, o grupo espera uma expansão em todas as fontes de energia, com exceção do carvão: “Só para o petróleo, a demanda deve atingir 120 milhões de barris por dia até 2050, com potencial para ser maior. Não há pico de demanda por petróleo no horizonte”, diz trecho do documento.

Em entrevista ao Valor, o secretário-geral da Opep, Haitham Al Ghais, afirma que o que embasa os estudos da Opep são os dados: “Temos base técnica, sem ideologias. Nosso mandato é garantir o fornecimento do petróleo e da energia que o mundo irá precisar.”

Segundo Al Ghais, uma visão realista das expectativas de crescimento da demanda exige investimentos em petróleo e gás. A estimativa da Opep é que, só para o petróleo, o mundo terá necessidade de investimento de US$ 17,4 trilhões até 2050.

A Opep reforça que as petroleiras estão desempenhando importante papel no desenvolvimento de novas tecnologias em busca de reduzir emissões, o que prova, na visão do grupo internacional, que é possível avançar em busca de zerar os poluentes ao mesmo tempo que continua produzindo o petróleo que o mundo precisa.

“O caderno também destaca a necessidade de intensificar os esforços para reduzir as emissões, melhorar continuamente a eficiência e introduzir soluções de baixo carbono. Neste sentido, a indústria já está desempenhando um papel”, afirma a organização no documento.

A publicação reforça ainda a necessidade de encontrar uma forma de unir o desenvolvimento de ferramentas que reduzam emissões, e as necessidades energéticas ao redor do mundo.

“Durante o ano passado, houve um reconhecimento adicional de que o mundo só pode introduzir novas fontes de energia em escala quando estiverem genuinamente prontas, economicamente competitivas, aceitáveis aos consumidores e com a infraestrutura adequada instalada. Além disso, é necessário continuamente reconhecer as diferentes circunstâncias e abordagens nacionais para todas as nações, tendo em mente inclusão e o princípio de que há responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, ressalta a Opep.

O documento reforça também a importância a médio prazo dos volumes de líquidos totais, que somam petróleo e condensados de gás natural, produzidos por países fora do acordo de cotas da Opep, que devem sair de um nível de 51,7 milhões de barris por dia em 2023 para 58,8 milhões de barris por dia em 2029.

Os Estados Unidos lideram esse grupo, com expectativa de crescimento de 2,3 milhões de barris por dia de 2023 a 2029. O Brasil está na segunda posição, com expectativa de aumento de 1 milhão de barris por dia.

No horizonte mais longo, até 2050, a organização internacional estima que a produção esteja em 57,3 milhões de barris por dia, considerando um declínio da produção americana depois de atingir um pico em 2030.

“Isso [o declínio dos Estados Unidos] é mais do que compensado por uma produção maior na América Latina, Canadá, Oriente Médio [fora da Opep] e ganhos globais de processamento de refinaria. Outras regiões terão apenas uma mudança modesta”, diz a publicação.

Kariny Leal – Valor Econômico