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Bioquerosene

GranBio obtém US$ 80 milhões para planta de SAF


Valor Econômico - 30 jan 2023 - 09:25

A GranBio, do empresário Bernardo Gradin, recebeu uma subvenção de US$ 80 milhões do governo dos Estados Unidos para construir uma planta de demonstração de bioquerosene de aviação (SAF) no país. Os recursos vão financiar parte do projeto, que deverá custar US$ 200 milhões. A empresa busca agora parceiros para complementar metade do capital necessário e prevê ainda um aporte próprio no projeto.

A Avapco, subsidiária da Granbio nos EUA, foi uma das 17 selecionadas em um programa de apoio a biocombustíveis do Departamento de Energia. A unidade deverá ficar no Estado da Geórgia, onde terá acesso fácil a resíduos de cana e a cavaco de madeira. Essas matérias-primas são transformados em etanol celulósico, depois em etileno, e, por fim, em SAF.

A empresa já aposta no biocombustível há sete anos, quando fez o primeiro pedido de apoio ao governo dos EUA. Agora, a tecnologia já foi provada em uma planta piloto, e o plano é que a nova unidade prove que a cadeia produtiva é viável.

Opções

A GranBio também tem uma planta piloto de etanol celulósico nos EUA, onde já testou com sucesso 17 tipos de matérias-primas. “Nossa tecnologia é agnóstica, pode usar outras biomassas disponíveis, então temos um mercado grande de matéria-prima. O maior desafio atual para o SAF de biomassa é demonstrar que é possível dar escala ao fornecimento de matéria-prima”, disse.

A unidade terá capacidade para produzir 8 milhões de litros de SAF ao ano, além de nafta verde e diesel verde. Caso a planta de demonstração se mostre viável, a GranBio partirá para uma planta comercial, que pode ter capacidade anual de 400 milhões de litros.

Inicialmente, o projeto não deve dar lucro, admite Gradin. “Provavelmente, vai dar prejuízo, mas não por muito tempo, porque é um produto muito procurado e de primeira linha”, disse.

Incentivos

A GranBio estima que a emissão de carbono do SAF, em seu ciclo de vida, seja negativa em 12 toneladas por megajoule. Isso significa que o uso do biocombustível deve capturar mais do que emitir carbono na atmosfera, o que pode angariar prêmios adicionais nos mercados de carbono e atrair o interesse dos clientes.

Os EUA lideram a ainda novata indústria global de SAF, apesar da elevada disponibilidade de matéria-prima em outras regiões, como na América Latina. No ano passado, o governo Biden incluiu no programa de combate à inflação incentivos à produção do bioquerosene de aviação. Os produtores podem ter créditos tributários de até US$ 1,75 o galão e vender créditos no programa federal Renewable Fuel Standard (RFS) e no da Califórnia, o Low Carbon Fuel Standard (LCFS). Já o Brasil ainda não tem nenhum programa específico para o renovável.

“O ambiente para apoio do escalonamento de tecnologia ainda é pouco incentivada no Brasil. E o ecossistema nos EUA para promover e acelerar tecnologias para chegar no mercado é mais maduro, afirma Gradin. Ele acredita ser possível utilizar o parque industrial de papel e celulose ocioso hoje nos EUA para direcioná-lo à produção de SAF, o que reduziria o custo dos investimentos industriais. Atualmente, há uma centena de indústrias do ramo paradas no país. Mas sua ambição é global. “Queremos ser um dos líderes globais de SAF”.

Camila Souza Ramos – Valor Econômico