Associações estimam que B20 demandaria 90% da capacidade instalada do setor
O setor de biodiesel já teria – hoje – capacidade para atender até o B20. Segundo um levantamento feito pelas três principais associações da indústria – Abiove, Aprobio e Ubrabio –, o mercado demandaria 13,2 milhões de m³ de biodiesel puro caso a mistura fosse elevada em 8 pontos percentuais chegando aos 20%.
Esse volume de biodiesel representaria 90% da capacidade das 60 usinas autorizadas pela ANP. No total, o parque industrial brasileiro pode fabricar um pouco além de 14,6 milhões de m³. No ano passado, a produção nacional de biodiesel somou 7,52 milhões de m³ o que rendeu um nível de ocupação ao setor encerrou inferior aos 53%.
Em dezembro, o CNPE aprovou uma resolução – Resolução CNPE 8/2023 – prevendo a adoção do B14 em março próximo e do B15 em março de 2025. Pelas contas do setor, isso elevaria a produção nacional para 8,9 este ano e para 10,1 milhões de m³ no próximo.
Embora esse seja o teto atual para a mistura, a Frente Parlamentar Mista do Biodiesel do Congresso Nacional (FPBio) vem se mobilizando para incluir no PL do Combustível do Futuro uma emenda que garante que a mistura continue evoluindo por mais alguns anos no futuro com teto que pode chegar a 20% ou até 25%. Os parlamentares da frente estão otimistas que a proposta seja votada pela Câmara dos Deputados ainda nos próximos dias.
Expansão
Além da capacidade atual há 8 novas usinas em construção e 10 usinas em processo de expansão. Isso agregaria, respectivamente, 916 mil m³ e 685 mil m³ ao parque fabril nacional.
Isso elevaria a capacidade instalada para 16,2 milhões de m³.
“Os números da ANP representam o nosso cartão de visita para o projeto dos Combustíveis do Futuro e confirmam que estamos prontos para avançar a até pelo menos B20”, destaca o presidente do Conselho de Administração da Aprobio, Francisco Turra.
“Temos uma oportunidade única para evoluirmos com segurança e previsibilidade, diante do compromisso da atual gestão com a transição energética e com o projeto de lei Combustível do Futuro”, complementa o diretor superintendente da Ubrabio, Donizete Tokarski.
Matérias-Primas
O setor também não antevê dificuldades na oferta de matérias-primas para abastecer as usinas. As projeções da Abiove, a apontam para a produção de 10,9 milhões de toneladas de óleo de soja este ano dos quais menos da metade – 5 milhões de toneladas – teriam a produção de biodiesel como destino. “No caso de B20, a demanda pelo óleo de soja está estimada em 8,7 milhões de toneladas”, comenta Daniel Amaral, diretor de Economia e Assuntos Regulatórios da associação.
O aumento na demanda por óleo das usinas também é um fator que estimula o esmagamento de soja pela indústria nacional. A Abiove estima que a produção de biodiesel foi responsável pelo cerca de 33% de toda a soja que foi processada no país entre 2008 e 2022
Outra parte da matéria-prima necessária viria do setor de reciclagem animal. “O aumento estimado em 2,6 bilhões de litros de biodiesel, mantidas as proporções atuais, implicaria em um aumento de 400 mil litros de gorduras animais consumidas, volume facilmente absorvível frente aos 2,5 bilhões de litros produzidos anualmente”, destaca Pedro Bittar, Presidente do Conselho Diretivo da Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA).
Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com
Com informações das assessorias de imprensa