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Energia

Editorial NYT: Como eles se atrevem a usar nosso petróleo!


New York Times - 20 abr 2006 - 21:01 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

O quanto isso irrita? O líder de um país que consome mais de 20 milhões de barris de petróleo por dia está alertando o líder de um país que consome cerca de 6,5 milhões de barris para que não tente aprisionar as reservas de petróleo do mundo. Quando o presidente Bush receber o presidente chinês Hu Jintao na Casa Branca, nesta quinta-feira, a reclamação americana será de que o apetite da China por petróleo afeta sua posição com o Irã, o Sudão e outros locais problemáticos.

Em outras palavras, a China está agindo como todo mundo: subjugando sua política externa a suas preocupações energéticas. Os Estados Unidos também o fazem – testemunhe sua longa aliança com a Arábia Saudita.

Ainda assim, o tamanho da população da China – 1.3 bilhões de pessoas – colocam as coisas em um contexto alarmante. A China recentemente ultrapassou o Japão como o segundo país em consumo de petróleo. Seu produto interno bruto cresce entre 8% e 10% ao ano, e sua necessidade de energia deve crescer cerca de 150% até 2020. A troca chinesa de bicicletas por carros acelerou seu consumo de petróleo, até 2010 a China deve ter 90 vezes o número de carros que tinha em 1990 e, provavelmente, mais carros que os Estados Unidos até 2030.

Isso deixa o mundo com duas opções. A primeira é lidar melhor com os recursos de energia. A outra é buscar recursos em outros planetas. Simplesmente dar continuidade à tendência não é viável, especialmente com a crescente demanda da Índia, com sua população de 1bilhão de pessoas e sua própria economia em ascendência.

Os Estados Unidos não têm o direito de dizer a um terço da humanidade que volte a suas bicicletas porque a festa acabou. Claramente, Bush e Hu devem lidar com a questão da energia de forma significativa. Isso só pode ser feito se os Estados Unidos ajudarem a China a encontrar fontes alternativas de energia e mostrarem que a América está fazendo o mesmo.

O melhor caminho possível seria a China se desviar de uma economia baseada e se direcionar a combustíveis sustentáveis alternativos, no momento em que outros países evitam a construção de linhas térreas para serviços telefônicos e vão direto para os sistemas sem fio. A China tem enorme quantidade de biomassa – colheitas, florestas e produtos da madeira – que podem ser convertidos em etanol.

A China, como a América, não tem muito carvão. Mas, o mundo não pode arcar com sua proposta de criação de centenas de fábricas movidas a carvão, isso seria um desastre ambiental. Os Estados Unidos podem ajudar a evitar isso compartilhando a tecnologia do carvão.

Nenhuma destas cooperações irá funcionar a menos que os Estados Unidos assumam a liderança dando o exemplo. Pedir outros países que abandonem os suprimentos mundiais de petróleo para que a América continue a sustentar seus Hummers não faz o menor sentido.