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Biocombustível importado, saída para a UE


Valor Econômico - 25 jul 2007 - 07:42 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

A União Européia estima que precisará importar 20% de seu consumo de etanol e biodiesel para cumprir a meta de misturar essas alternativas aos combustíveis utilizados no bloco em um percentual mínimo de 10% a partir de 2020. Isso significa que a UE terão de importar 2 milhões de toneladas de etanol (cerca de 2 bilhões de litros) e 5 milhões de toneladas de biodiesel, de um total de 35 milhões de toneladas de biocombustíveis previstas para consumo em seus 27 países-membros.

De olho nessa tendência, nas negociações para um acordo de livre comércio entre UE e Mercosul o Brasil pede uma cota para exportar 1 milhão de toneladas (1 bilhão de litros) de etanol para o bloco europeu com tarifas preferenciais. Mas, mesmo com as perspectivas de déficit, Bruxelas vê a produção de bioenergia como oportunidade para seu setor agrícola no médio e longo prazos e não dá sinais de reduzir a proteção, baseada em elevadas tarifas de importação, contra a importação.

Nessa conjuntura, a UE prefere importar commodities para a produção de combustíveis no próprio bloco. Atualmente, a Europa abre suas fronteiras para a importação de biodiesel - de soja e de outros óleos vegetais. Em análise divulgada ontem, a UE alega que é o alto custo de transporte, e não as tarifas, que limita as importações de etanol, e aposta que grande parte da produção de biocombustíveis deverá permanecer na UE - graças aos subsídios.

A iniciativa de que os biocombustíveis representem 10% do consumo europeu de combustíveis em 2020 implica aumentar a demanda de etanol e biodiesel em 10,8 milhões de toneladas até lá. Mas esses produtos continuarão marginais no suprimento europeu de combustíveis. Sua fatia deverá se aproximar de 2% do total, ante 55% do diesel e 40% da gasolina. Bruxelas fez seus cálculos levando em consideração o barril do petróleo a 48 euros, a tonelada do trigo a US$ 175, a tonelada da cevada a US$ 130 e o mesmo volume de milho a US$ 180 até 2020. Cerca de 59 milhões de toneladas de cereais, ou 18% do uso doméstico, deverão ser destinadas à produção de etanol e biodiesel.

Essa demanda, principalmente de milho e trigo, derrubará as exportações. No longo prazo, o impacto nos preços dessas commodities é estimado em 3% a 6% na comparação com preços de 2006.

A União Européia faz uma maior aposta na importação de etanol de segunda geração após 2012, principalmente de etanol a partir de restos de madeira. Nesse cenário, os preços agrícolas podem ficar significativamente mais altos. Com a demanda por biodiesel, Bruxelas avalia que os mercados de oleaginosos terão um aumento de preços de 15%, por causa da pequena produção. O óleo de soja, por exemplo, deverá subir em razão do desenvolvimento de biocombustíveis no Brasil e nos Estados Unidos. Mas o preço de farelo de soja poderá cair até 25%, beneficiando suínos e aves.