Brasil Ecodiesel quer investir em produção de biodiesel no Paraná

A Brasil Ecodiesel, empresa líder na produção de biodiesel no País, solicitou nesta quarta-feira (06) ao secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, apoio ao incentivo na produção de mamona e girassol no Paraná para abastecer uma futura fábrica de biodiesel no Estado. A Brasil Ecodiesel já trabalha em nove estados da federação, com fábricas comerciais instaladas em seis deles. A empresa, de capital misto (nacional e negociação na Bolsa de Valores), com sede no Rio de Janeiro, considera o Paraná um estado estratégico para a fabricação do biodiesel.

A solicitação foi feita durante encontro do secretário Valter Bianchini com os diretores da empresa, Rogério Barbosa e Julio Armando Martinez Henríquez. Os diretores da Brasil Ecodiesel manifestaram a intenção de firmar contratos de parceria com agricultores familiares do Paraná, como forma de obtenção do selo social do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Para atender essa demanda, Bianchini solicitou ao Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) para acelerar as pesquisas para produção de mamona e girassol, duas culturas que não têm o zoneamento climático no Estado. A parceria do estado com a empresa, que fornece biodiesel para a Petrobras, depende dos estudos de viabilidade técnica e econômica que estão sendo feitas para essas duas culturas. “Precisamos ter segurança que as duas culturas são viáveis no Paraná antes de recomendá-las aos agricultores”, disse Bianchini.

A expectativa é que na próxima safra, a Secretaria já possa fazer as recomendações dessas alternativas para o plantio de grãos. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o zoneamento do girassol deve sair em junho. E está previsto para o mês de julho o zoneamento da mamona no Rio Grande do Sul, que poderá ser estendido ao Paraná até o fim deste ano.

Bianchini disse que a proposta da Brasil Ecodiesel atende a expectativa do Estado em oferecer alternativas de produção para a agricultura familiar, mas advertiu que a produção de grãos para fabricação do biodiesel não é a “salvação da lavoura”. Para o secretário, essa atividade deve ser complementar a uma diversificação que está se buscando para tornar a pequena propriedade rentável economicamente. “Ninguém sobrevive apenas da produção de grãos para o biodiesel”, alertou.

Além do zoneamento agrícola que permite ao agricultor familiar acessar os financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para o plantio de grãos, Bianchini solicitou ainda soluções da assistência técnica para evitar ataque de pragas, seguidas de perdas nas lavouras de girassol. Em relação à mamona, Bianchini solicitou estudos para saber se o cultivo do grão é competitivo para a agricultura familiar no Paraná.

Prospecção - A Brasil Ecodiesel só produz biodiesel a partir do girassol e da mamona e acredita que o Paraná tem potencial para produção dessas duas culturas nos intervalos da safra de verão, sem concorrer com a produção de alimentos. “Nossa filosofia é clara e sem conflitos: não entrar em nada que altere o mercado de alimentos”, disse Barbosa.

Barbosa ofereceu garantia de compra com preço pré-fixado no contrato, assistência técnica, máquina de debulha, sacaria e logística para escoamento da produção. Na região Nordeste, onde os contratos de compra de grãos estão consolidados, a empresa está pagando em torno de R$ 0,60 o quilo do grão.

Segundo Barbosa, oito técnicos da empresa já estão percorrendo o Estado prospectando vocações de plantio dos agricultores familiares e as regiões mais indicadas para a produção de mamona ou girassol. A intenção é elevar esse contingente para 20 técnicos até agosto e totalizar 100 profissionais trabalhando em toda a região Sul.

Atualmente 55 mil famílias em todo o País produzem mamona e girassol para a Brasil Ecodiesel, ocupando uma área de quase 50 mil hectares. Na Bahia, são 8,6 mil associados que produzem 20 mil toneladas de mamona, disse Barbosa.