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Biodiesel

Clóvis Rossi: Uma ambição movida a biodiesel


Folha de S. Paulo - 08 jun 2007 - 07:30 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entra sem nenhuma timidez ou modéstia em uma cruzada portentosa: mudar a matriz energética do mundo. É o que ele dirá hoje ao G8, o clubão das sete maiores economias do planeta mais a Rússia.

Mudar a matriz energética significa adotar crescentemente os biocombustíveis, fonte renovável e limpa de energia. "É uma questão inexorável. Pode levar dez anos, 20 anos, mas o mundo terá que adotar o biocombustível, seja por conta do preço do petróleo, seja pela necessidade de ter um combustível limpo", disse à Folha ontem.

Seu raciocínio é o de que não adianta muito pretender que novas tecnologias produzam veículos mais eficientes e que, por extensão, poluam menos (essa é parte da proposta européia e, principalmente, norte-americana sobre ambiente).

Exemplo concreto: Lula conversou anteontem com diretores da Mercedes-Benz, que contaram que estão sofisticando mais e mais os veículos, inclusive caminhões, para que poluam menos.

Mas a sofisticação leva a um preço mais alto e, portanto, a menos vendas. Lula lançou um desafio à Mercedes: "É possível compatibilizar os investimentos para tornar o carro menos poluente com a adoção de um novo combustível?" (leia-se: biocombustível). A empresa topou o desafio.

O presidente comentou com a diretoria da Mercedes que, se o Brasil tem o flex-fuel, carros que aceitam dois diferentes tipos de combustível, "não precisa construir um carro/caminhão no padrão europeu para reduzir a poluição".

Que faz sentido, aparentemente faz, ao menos visto por um leigo absoluto (Lula, ao contrário, ficou tão obcecado com os biocombustíveis que fala de um tal B5 como se falasse de feijão ou futebol, quando B5 significa 5% de biodiesel no diesel).

Agora, se convencerá seus pares do mundo rico é uma boa aposta.

Clóvis Rossi, colunista da Folha de S. Paulo