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Energia

Dedini: Abertura de capital


Gazeta de Piracicaba - 22 abr 2007 - 20:29 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

Sem falar em prazos, vice-presidente admite estudos de implementação do processo de abertura de capital na empresa

Depois de passar por um período de turbulências durante a década de 90, como conseqüência da crise das usinas de açúcar e álcool, a Dedini Indústrias de Base teve seu destino transformado, graças ao recente "boom" do setor sucroalcooleiro. A Dedini é uma das líderes no fornecimento de plantas e equipamentos para projetos de novas usinas. A empresa de Piracicaba vê com satisfação os investimentos diários vindos dos mais diferentes lugares do mundo, que depositam bilhões para erguer novas plantas no Brasil ou mesmo no exterior.

Para fazer frente a esse quadro - com uma carteira de pedidos que não pára de crescer - a Dedini resolveu deslanchar o processo de abertura de capital. "Estamos estudando esse assunto, mas não há uma posição definida", diz Sérgio Leme, vice-presidente executivo da empresa. A companhia não fala em prazo, mas admite a tendência de que a idéia se concretize em breve. "Essa é uma tendência que deve se confirmar, mas a decisão efetiva deve ser tomada nas próximas semanas", completa.

A companhia deve terminar em maio o plano de investimentos para os próximos anos - nos últimos cinco anos foram investidos mais de R$ 100 milhões em estratégias de crescimento. A Dedini faturava R$ 400 milhões há três anos. No ano passado, saltou para R$ 1 bilhão e para este ano a carteira de pedidos indica uma cifra de R$ 1,7 bilhão, o que representa um crescimento de 70% de um ano para outro. A geração operacional de caixa medida pelo lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização, deve se aproximar de R$ 200 milhões em 2007.

A oferta de ações deve ser majoritariamente primária, o que representa um aumento de capital. Em um segmento que o giro de capital muitas vezes vem dos clientes, que adiantam parte do pagamento para deslanchar a produção, o reforço de caixa simboliza mais poder de fogo para sustentar a expansão de forma independente.

Até o início do mês passado, a Dedini tinha 43 projetos em montagem no mercado doméstico e outros 189 em consulta. Os pedidos são, em boa parte, os chamados "turn-key", usinas completas. Para exportação, mercado que começa a se abrir para a Dedini, são 104 projetos em consulta, boa parte na América Latina. O grupo já trabalha com três unidades em execução e três estão em fase final de negociação - as exportações hoje representam de 10% a 15% do faturamento do grupo. Mas a meta da empresa é dobrar essa participação nos próximos três anos.

O fôlego renovado da empresa passa longe do período crítico enfrentado pelo grupo, sobretudo no início dos anos 90, com a agonia do programa Proálcool. A crise do setor sucroalcooleiro durou praticamente toda a década de 90, período que a usinas passaram a apostar no açúcar para superar a má fase. No processo de reestruturação, a siderúrgica do grupo foi vendida a antiga Belgo Mineira e aposta foi para equipamentos de aço inoxidável para as indústrias de alimentos e bebidas, além de tratamentos de efluentes e água, reduzindo entre 5% e 10% a participação do setor sucroalcooleiro em sua receita.

Hoje, a divisão de açúcar, álcool e energia (caldeiras de biomassa) respondem por 70% da receita da empresa. Cerca de 15% vêm da área de equipamentos pesados para as indústrias de siderurgia, petróleo e gás. Outros 15% são da divisão de equipamentos e sistemas em inox. Esse último nicho é bastante promissor, de acordo com Leme. Isso porque abastece, além da indústria de alimentos, os segmentos de biodiesel e tratamento de efluentes.

Produção maior

A Dedini Indústrias de Base está ampliando as instalações e a capacidade de produção da Fundição. As obras tiveram início em julho do ano passado e a previsão e que esteja pronta e com os novos equipamentos instalados até o final do primeiro semestre de 2007.

Segundo o gerente geral da Fundição, Geraldo Menezes, a produção deve aumentar das 25 mil toneladas/ano para 30 mil toneladas/ano até o ano que vem. "A capacidade máxima é de 35 mil toneladas/ano que será alcançada num segundo momento."

A área construída vai passar de 18 mil m² para 21 mil m². "Os prédios atuais estão sendo ampliados", falou Menezes. Ao final da expansão poderá haver contratação de novos funcionários. Atualmente a Fundição conta com 600 funcionários. Além da ampliação dos prédios serão instalados equipamentos novos de moldagem - misturador contínuo, pontes rolantes e desmoldadores - e de rebarbação - granalhadora e magnaflux especial.

A ampliação é decorrente da demanda do mercado, principalmente para grandes peças. "Estamos ampliando para atender o próprio grupo e também para terceiros." Menezes afirmou que atualmente a demanda por peças de grandes dimensões é geral em todo o mundo. "Na Europa, por exemplo, a espera por uma peça deste tipo chega a um ano", contou Menezes.

FELIPE RODRIGUES