[Paulo Suarez] Em tom de despedida
Em 2006 comecei a colaborar com o grupo BiodieselBR, elaborando colunas para publicação no portal, e em 2009 aceitei o desafio de passar a escrever para a revista BiodieselBR. Há poucas semanas, recebi um telefonema dos editores me informando a triste notícia de que o ciclo da revista impressa chegaria ao fim e que os esforços do grupo ficariam novamente concentrados no portal digital. Desde então, tenho tentado a árdua tarefa de escrever esta última coluna, em tom de despedida e já saudosista.
Com esta, são 40 colunas que escrevi. A liberdade total que os editores me deram durante todo esse tempo me permitiu discutir os mais variados assuntos, passando por questões ambientais, as políticas governamentais relacionadas ao biodiesel, matérias-primas, propriedades físico-químicas, etc. Não importando se o tema que escolhera fosse técnico ou político, encontrei neste espaço um ambiente livre para expor as minhas opiniões e conhecimento técnico-científico. Mesmo naqueles momentos em que escrevi sobre temas polêmicos, tive da parte da revista total liberdade de expressão, mesmo que isso implicasse contrariar interesses do governo ou do setor empresarial. Perco, assim, o meu mais importante meio de opinião e uma das atividades profissionais mais prazerosas.
Folheando a minha coleção de edições de BiodieselBR, que guardo na estante da minha sala na Universidade de Brasília, percebo que a história do biodiesel no Brasil pode ser contada pelas páginas da revista. É possível perceber nas matérias e colunas o amadurecimento de uma cadeia produtiva que inicia do zero em 2005 para representar hoje uma produção anual de 3,5 bilhões de litros. Desfilam por suas páginas diversas propostas de matérias- -primas, das quais algumas já foram abandonadas, como a mamona, e outras ainda permanecem como promessas, como as microalgas. No entanto, é fácil de perceber que a soja e o sebo, mesmo com diversas características indesejadas, se consolidaram como as principais fontes no Brasil. De resistências ao aumento do percentual de mistura, por ser um combustível mais caro que o diesel, vemos o biodiesel passar a ser uma importante ferramenta para reduzir o custo final na bomba, por diminuir o custo mais elevado do diesel importado, o que deve ter sido decisivo para o governo ter aumentado a participação do biocombustível. Nas edições da revista estão também registrados os primeiros acidentes envolvendo a produção ou transporte do biodiesel. Enfim, os mais importantes fatos da aventura de se introduzir esse biocombustível na matriz energética foram registrados e largamente discutidos na revista.
Encerra-se com esta edição a importante contribuição da revista BiodieselBR para a cadeia produtiva do biodiesel no Brasil. No entanto, esperamos que o Portal BiodieselBR.com continue sendo o principal palco de informações e discussões sobre o tema e que consiga preencher a lacuna que a edição impressa vai deixar.
Paulo Suarez - Professor do Instituto de Química da Universidade de Brasília (IQ-UnB), foi vencedor do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia em 2005 e colunista da revista BiodieselBR
Com esta, são 40 colunas que escrevi. A liberdade total que os editores me deram durante todo esse tempo me permitiu discutir os mais variados assuntos, passando por questões ambientais, as políticas governamentais relacionadas ao biodiesel, matérias-primas, propriedades físico-químicas, etc. Não importando se o tema que escolhera fosse técnico ou político, encontrei neste espaço um ambiente livre para expor as minhas opiniões e conhecimento técnico-científico. Mesmo naqueles momentos em que escrevi sobre temas polêmicos, tive da parte da revista total liberdade de expressão, mesmo que isso implicasse contrariar interesses do governo ou do setor empresarial. Perco, assim, o meu mais importante meio de opinião e uma das atividades profissionais mais prazerosas.
Folheando a minha coleção de edições de BiodieselBR, que guardo na estante da minha sala na Universidade de Brasília, percebo que a história do biodiesel no Brasil pode ser contada pelas páginas da revista. É possível perceber nas matérias e colunas o amadurecimento de uma cadeia produtiva que inicia do zero em 2005 para representar hoje uma produção anual de 3,5 bilhões de litros. Desfilam por suas páginas diversas propostas de matérias- -primas, das quais algumas já foram abandonadas, como a mamona, e outras ainda permanecem como promessas, como as microalgas. No entanto, é fácil de perceber que a soja e o sebo, mesmo com diversas características indesejadas, se consolidaram como as principais fontes no Brasil. De resistências ao aumento do percentual de mistura, por ser um combustível mais caro que o diesel, vemos o biodiesel passar a ser uma importante ferramenta para reduzir o custo final na bomba, por diminuir o custo mais elevado do diesel importado, o que deve ter sido decisivo para o governo ter aumentado a participação do biocombustível. Nas edições da revista estão também registrados os primeiros acidentes envolvendo a produção ou transporte do biodiesel. Enfim, os mais importantes fatos da aventura de se introduzir esse biocombustível na matriz energética foram registrados e largamente discutidos na revista.
Encerra-se com esta edição a importante contribuição da revista BiodieselBR para a cadeia produtiva do biodiesel no Brasil. No entanto, esperamos que o Portal BiodieselBR.com continue sendo o principal palco de informações e discussões sobre o tema e que consiga preencher a lacuna que a edição impressa vai deixar.
Paulo Suarez - Professor do Instituto de Química da Universidade de Brasília (IQ-UnB), foi vencedor do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia em 2005 e colunista da revista BiodieselBR