[Luciano Libório] PNPB: a visão das distribuidoras
Coluna especial publicada na última edição da revista BiodieselBR
O Programa Brasileiro de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) é um sucesso, fruto do esforço do governo brasileiro e de vários agentes do mercado, e, é claro, com participação das distribuidoras de combustíveis.
Entre empresas tradicionais com décadas de experiência, multinacionais e empresas regionais, o setor de distribuição de combustíveis é composto por mais de 200 empresas reguladas pela ANP, que se inserem como um elo entre os produtores e os mercados consumidores no modelo brasileiro de abastecimento.
Petrobras Distribuidora, Ipiranga, Raízen, AleSat e Sabbá estão entre as maiores empresas do país e, como associadas do SINDICOM, têm compromisso com a qualidade de produtos e a satisfação de seus clientes, além do atendimento à regulamentação existente.
No lançamento do biodiesel, a bandeira da satisfação do cliente e do cumprimento às normas foram duas alavancas que impulsionaram as empresas associadas do SINDICOM a participar do programa. Em sua fase autorizativa, empresas como Ale e Petrobras lançaram no mercado o diesel com 2% de biodiesel.
Essa fase inspirou verdadeiras epopeias para garantir que o produto chegasse até o posto revendedor, cruzando às vezes mais de 2.500 quilômetros para garantir a disponibilidade de biodiesel. Sistemas manuais de mistura em separado do diesel por meio de bombas mecânicas e skids permitiram a rápida comercialização do produto.
Com o advento da fase compulsória, em 2008, e do marco legal que previa em 2013 mistura de 5%, as distribuidoras associadas ao SINDICOM fizeram investimentos em mais de 70 municípios e 130 bases. Afinal, empresas distribuidoras de combustíveis são verdadeiras distribuidoras de energia, não importando a origem. O importante era atender ao marco e assim foi feito.
Vale ressaltar que foi fundamental a criação do sistema de leilões com a intermediação da Petrobras e da ANP, que deu aos distribuidores a garantia de equilíbrio concorrencial, evitando fraudes, já que o biodiesel exige testes em laboratório para identificação do teor. Nesse sentido, a preocupação da implantação se voltou para a qualidade do produto e os cuidados no seu manuseio.
As distribuidoras se viram diante de um produto sensível a temperaturas baixas e à água (higroscopicidade) e que, por vezes, chegava na distribuição com não-conformidades, mas que na verdade denotavam o aprendizado do programa.
Com atuação importante da ANP e os investimentos e aprendizado de produtores, distribuidores e revendedores, a especificação do produto evoluiu e com ela a qualidade do produto se consolidou, em linha com os demais combustíveis, cinco anos depois da partida e já com 5% de mistura.
Essa evolução do controle de qualidade deu confiabilidade às operações e diversas iniciativas de uso experimental surgiram, com o propósito de estudar o comportamento em teores maiores e conhecer seus limites de aplicação.
Importante lembrar o quanto evoluíram os leilões. Hoje realizados a cada dois meses e com negociação direta entre distribuidores e produtores, permitem que se estreite a relação entre agentes que comercializam o produto.
Nos últimos anos, o debate em torno de um novo marco regulatório ganhou força e a palavra de consenso era previsibilidade. Os agentes clamavam por um marco que abarcasse todos os pontos de vista e que desse um horizonte para o biodiesel na matriz energética.
Esse marco não veio, mas a evolução para o B7, ocorrida em 2014, mostrou o quão relevante é a discussão com os distribuidores no estabelecimento de prazos.
Mais uma vez, as distribuidoras associadas ao SINDICOM contribuíram com investimentos importantes para esse incremento de teor, sem oferecer percalços logísticos ao abastecimento e permitindo que o programa mantivesse sua trajetória de sucesso. Foram milhões investidos em tancagem e injetores para a operação com 40% mais de produto, um ano após as primeiras discussões da medida.
As distribuidoras esperam que o programa continue com uma intensa participação dos agentes, uma discussão profunda da matriz energética de combustíveis de maneira integrada e, principalmente, permitindo a todos se planejar para novas etapas do PNPB.
Luciano Libório – Diretor de Regulamentação e Abastecimento do Sindicom
O Programa Brasileiro de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) é um sucesso, fruto do esforço do governo brasileiro e de vários agentes do mercado, e, é claro, com participação das distribuidoras de combustíveis.
Entre empresas tradicionais com décadas de experiência, multinacionais e empresas regionais, o setor de distribuição de combustíveis é composto por mais de 200 empresas reguladas pela ANP, que se inserem como um elo entre os produtores e os mercados consumidores no modelo brasileiro de abastecimento.
Petrobras Distribuidora, Ipiranga, Raízen, AleSat e Sabbá estão entre as maiores empresas do país e, como associadas do SINDICOM, têm compromisso com a qualidade de produtos e a satisfação de seus clientes, além do atendimento à regulamentação existente.
No lançamento do biodiesel, a bandeira da satisfação do cliente e do cumprimento às normas foram duas alavancas que impulsionaram as empresas associadas do SINDICOM a participar do programa. Em sua fase autorizativa, empresas como Ale e Petrobras lançaram no mercado o diesel com 2% de biodiesel.
Essa fase inspirou verdadeiras epopeias para garantir que o produto chegasse até o posto revendedor, cruzando às vezes mais de 2.500 quilômetros para garantir a disponibilidade de biodiesel. Sistemas manuais de mistura em separado do diesel por meio de bombas mecânicas e skids permitiram a rápida comercialização do produto.
Com o advento da fase compulsória, em 2008, e do marco legal que previa em 2013 mistura de 5%, as distribuidoras associadas ao SINDICOM fizeram investimentos em mais de 70 municípios e 130 bases. Afinal, empresas distribuidoras de combustíveis são verdadeiras distribuidoras de energia, não importando a origem. O importante era atender ao marco e assim foi feito.
Vale ressaltar que foi fundamental a criação do sistema de leilões com a intermediação da Petrobras e da ANP, que deu aos distribuidores a garantia de equilíbrio concorrencial, evitando fraudes, já que o biodiesel exige testes em laboratório para identificação do teor. Nesse sentido, a preocupação da implantação se voltou para a qualidade do produto e os cuidados no seu manuseio.
As distribuidoras se viram diante de um produto sensível a temperaturas baixas e à água (higroscopicidade) e que, por vezes, chegava na distribuição com não-conformidades, mas que na verdade denotavam o aprendizado do programa.
Com atuação importante da ANP e os investimentos e aprendizado de produtores, distribuidores e revendedores, a especificação do produto evoluiu e com ela a qualidade do produto se consolidou, em linha com os demais combustíveis, cinco anos depois da partida e já com 5% de mistura.
Essa evolução do controle de qualidade deu confiabilidade às operações e diversas iniciativas de uso experimental surgiram, com o propósito de estudar o comportamento em teores maiores e conhecer seus limites de aplicação.
Importante lembrar o quanto evoluíram os leilões. Hoje realizados a cada dois meses e com negociação direta entre distribuidores e produtores, permitem que se estreite a relação entre agentes que comercializam o produto.
Nos últimos anos, o debate em torno de um novo marco regulatório ganhou força e a palavra de consenso era previsibilidade. Os agentes clamavam por um marco que abarcasse todos os pontos de vista e que desse um horizonte para o biodiesel na matriz energética.
Esse marco não veio, mas a evolução para o B7, ocorrida em 2014, mostrou o quão relevante é a discussão com os distribuidores no estabelecimento de prazos.
Mais uma vez, as distribuidoras associadas ao SINDICOM contribuíram com investimentos importantes para esse incremento de teor, sem oferecer percalços logísticos ao abastecimento e permitindo que o programa mantivesse sua trajetória de sucesso. Foram milhões investidos em tancagem e injetores para a operação com 40% mais de produto, um ano após as primeiras discussões da medida.
As distribuidoras esperam que o programa continue com uma intensa participação dos agentes, uma discussão profunda da matriz energética de combustíveis de maneira integrada e, principalmente, permitindo a todos se planejar para novas etapas do PNPB.
Luciano Libório – Diretor de Regulamentação e Abastecimento do Sindicom