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Logística do biodiesel: Mercado em evolução


Edição de Out / Nov de 2010 - 15 out 2010 - 14:36 - Última atualização em: 19 jan 2012 - 11:41
Mercado em evolução
O cenário ainda é difícil, mas já foi pior. Os próprios dados da ANP (veja mapa) mostram que o processo vem se ajustando, quando comparamos os resultados do transporte do biodiesel em 2009 com o ano anterior. O Rio Grande do Sul, por exemplo, reduziu o envio do biocombustível para o Norte e o Nordeste do país. Segundo as distribuidoras, isso se deve ao estabelecimento de indústrias mais próximas a esses mercados. O diretor de operações da ALE ressalta que nos últimos dois anos, novas usinas começaram a produzir em outros Estados, como Minas Gerais, Bahia, Ceará, Goiás, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Outras aumentaram a capacidade de produção, melhorando a oferta perto dos grandes mercados. “Hoje, temos um mercado bem mais maduro, no qual já podemos diferenciar os melhores produtores e quais serão fortes quando o mercado passar para o livre comércio, sem a presença da ANP e da Petrobras”, conclui Dominguez.

Mas a situação ainda é problemática, e é fácil ver o biodiesel fazendo caminhos desnecessários. São Paulo, por exemplo, importou 257 milhões de litros de outros Estados em 2009 e enviou mais de 100 milhões de litros para fora. Apesar de mais da metade desse volume ser para Estados vizinhos como Rio de Janeiro e Minas Gerais, grandes volumes viajaram para Candeias (BA), Natal (RN) e Ipojuca (PE). Uma carreta chegou inclusive a viajar de São Paulo para Cuiabá, o coração do Estado que mais exportou biodiesel em 2009. É importante salientar, no entanto, que em 2010 os caminhos do biodiesel estão mais curtos. O Rio Grande do Sul, por exemplo, não importou até julho nenhuma gota de biodiesel de outro Estado. Se continuar dessa forma, este será o primeiro ano em que isso ocorrerá.

Atualmente, o biodiesel produzido no Brasil é comercializado através de leilões da ANP e tem como compradores únicos a Petrobras e a Refinaria Alberto Paqualini (Refap). Em seguida, outro leilão é realizado para vender todo o biodiesel arrematado anteriormente às distribuidoras, que disputam os lotes pelo melhor preço do frete. As distribuidoras ficam responsáveis por buscar o biodiesel nas usinas, misturar ao diesel e levar até os pontos de venda. O sistema foi criado pelo governo para garantir a mistura obrigatória, hoje em 5% conforme a lei, e evitar fraudes na mistura do produto, uma vez que o diesel é mais barato do que o biocombustível.

Entretanto, nem todos defendem esses procedimentos. Há quem diga que apesar de garantir a entrega do produto, o controle das cotas pela Petrobras e pela Refap acaba engessando o processo, especialmente quando os volumes de biodiesel disponibilizados nos leilões vêm de usinas distantes. Outros acreditam que o sistema de comercialização hoje adotado procura equilibrar tanto os custos de aquisição quanto o transporte do biodiesel.

Para Ricardo Menezes, diretor do Sindicato das Distribuidoras Regionais Brasileiras de Combustíveis (Brasilcom), através do sistema de divisão por regiões, adotado atualmente nos leilões, é possível assegurar que todos tenham acesso à mesma unidade produtora, pelo mesmo valor, sem privilegiados. Ele diz ainda que a logística não chega a ser uma ameaça e ressalta que o setor de biodiesel é muito novo, o que explica essa fase de adaptação.

“Os problemas são muito mais de adaptação a um produto recém-introduzido na matriz energética do que de logística propriamente dita. Imagine que toda a comercialização de diesel nas regiões atendidas por dutos agora passa a ter 5% de biodiesel, que é feito pelo modal rodoviário. Para se ter uma idéia do que isso representa, a comercialização de diesel apenas no Distrito Federal em 2009 correspondeu a 366 milhões de litros. Estamos falando de mais de 18,3 milhões de litros de biodiesel. Isso representa mais de 400 cargas rodoviárias por ano, apenas nesse exemplo. Ou seja, toda a matriz de transporte está sendo readequada”, diz Menezes.
Tags: Logística