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Pinhão-Manso: A esperança virou espera


BiodieselBR.com - 20 mai 2009 - 14:30 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 09:32
Não é muito animador o retrato do pinhão-manso no país. Apesar de ser reconhecidamente uma das mais promissoras matérias-primas para a produção de biodiesel, vários entraves fazem a cultura avançar lentamente

Meri Rocha, de Curitiba

Pesquisas preliminares já comprovaram que o óleo do pinhão-manso tem excelente qualidade para produção de biodiesel, e que a espécie tem um elevado potencial de produção e boa adaptação a diversas regiões do país. Entretanto, ainda há inúmeras barreiras a serem superadas para que essa fonte de energia seja consolidada como matéria-prima. “Os principais entraves continuam sendo a ausência de uma política agrícola estruturada com recursos federais, estaduais, municipais e da iniciativa privada”, sintetiza Mike Lu, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Pinhão- Manso (ABPPM), que encaminhou ano passado uma carta ao presidente Lula cobrando medidas para acelerar a domesticação da cultura. Uma das políticas necessárias, segundo ele, é criar condições de financiamento no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), incluindo a cultura como item de reflorestamento consorciado com lavoura e pecuária.

O mundo todo já está avançando no melhoramento genético da Jatropha curcas e no uso do óleo para produção de biodiesel e bioquerosene. No Brasil, no entanto, a espécie sequer está registrada como cultivar no Registro Nacional de Cultivares. Segundo Lu, a estrutura de domesticação pouco avançou nestes últimos doze meses. Diante deste quadro, a ABPPM estará promovendo o I Congresso Científico Nacional do Pinhão-Manso, com o objetivo de criar uma rede de colaboração para juntar esforços e acelerar a domesticação dessa matéria-prima.

Conforme declaração de Roberto Cavalcante – assessor técnico da coordenação geral de Agroenergia da Secretaria de Produção e Agroenergia, subordinada ao Ministério da Agricultura (Mapa) – o governo tem tratado com cautela o incentivo do plantio de pinhão-manso para produção de biodiesel porque todas as pesquisas realizadas, inclusive pela Embrapa, ainda são consideradas de estágio embrionário, além dos números estatísticos ainda não estarem consolidados. Mas salienta que a Embrapa Agroenergia considera o pinhão-manso uma matéria-prima essencial. “O óleo é considerado um dos melhores para produção de biodiesel e indicado para exportação, além da sua quase perfeita inserção na cadeia produtiva da agricultura familiar”, enfatiza o assessor.

Já na análise do engenheiro agrônomo Renato Roscoe, que esteve à frente das pesquisas da Embrapa com pinhão-manso no Mato Grosso do Sul, os empecilhos que impedem o avanço dessa matériaprima são inerentes à domesticação de novas espécies. “Várias doenças e pragas estão surgindo e há dificuldades no estabelecimento de um sistema de produção, pois os riscos do plantio em larga escala ainda são desconhecidos. Além disso, a colheita continua sendo um dos principais gargalos, já que os custos da colheita manual inviabilizam a cultura e não foram registrados avanços significativos quanto ao desenvolvimento de máquinas para a colheita”, analisa o engenheiro.

No entanto, Cavalcante traz a boa notícia de que estão em andamento estudos e testes da colheita semimecanizada com o uso de máquinas colheitadeiras costais, hoje largamente utilizadas na colheita do café, e que estão sendo adaptadas para a cultura do pinhão- manso. Para ele, o principal entrave em relação à plantação da Jatropha é que para se obter uma alta produtividade de frutos e lucratividade é necessário fazer a correção da fertilidade do solo desde o plantio.