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Argentina e o mercado de biodiesel


BiodieselBR - 08 dez 2008 - 14:13 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 10:34
Argentina aproveita complexo da soja para entrar no mercado internacional de biocombustíveis

Por Heloísa Helena Reinert, de Buenos Aires


O ano passado foi emblemático para a entrada da Argentina no mercado de biodiesel mundial. O processo que começou em 2001 de forma bastante artesanal recebeu um impulso significativo e alçou o produto a um posto de destaque. Três usinas começaram a produzir um total de 503,4 milhões de litros de biodiesel. A unidade da Vicentin foi implantada com capacidade anual para 53,4 milhões de litros. A Renova e a Ecofuel, ambas com capacidade de produzir 225 milhões de litros, também entraram em produção. Este ano foi a vez da Unitec Bio, com capacidade para 225 milhões de litros, dar a sua contribuição. A usina da empresa pode ser alimentada com outros tipos de matéria-prima, mas hoje opera com óleo de soja. Sozinho, esse investimento chegou a US$ 80 milhões. Inaugurada em maio, a Unitec Bio trabalha com 100% da capacidade.

O ritmo das inaugurações deve continuar intenso e se a meta para este ano for mantida, até o final de dezembro o país teria estrutura para fabricar dois bilhões de litros por ano, segundo informações do diretor da Associação Argentina de Biocombustíveis e Hidrogênio, Claudio Molina, que calcula que os investimentos chegaram a US$ 330 milhões. Fazem parte do grupo de investidores nesse mercado as pesos-pesados Ecofuel (uma parceria entre Deheza e Bunge), Molinos Rio de La Plata, Louis Dreyfus, Patagônia Bioenergia, Vicentin, Explora, Compañía Azucarera Los Balcanes y Villuco.

Trata-se de uma evolução considerável para um mercado que começou a se desenvolver recentemente. Se não houver mudanças bruscas, é provável que até o final de 2010 a capacidade instalada argentina supere 3,4 bilhões de litros. Os empresários que investiram na produção de biodiesel aproveitaram o fato de já operarem com o complexo soja e fizeram seus cálculos de olho no mercado externo. As exportações do primeiro quadrimestre chegaram a 198 milhões de litros, o equivalente a US$ 191 milhões. Mas nem tudo são flores para esse mercado e as decisões sobre investimentos precisam levar em conta mudanças nas legislações de diferentes países no que diz respeito a cotas, restrições de importações e outras barreiras comerciais. A necessidade de aumento da área plantada de soja é igualmente um assunto que está na pauta do dia e que desperta paixões. Haverá produção de soja suficiente para atender a estrutura em fase de expansão? A resposta ainda é desconhecida.

Por enquanto, o mercado interno é apenas uma possibilidade futura. Segundo Molina, a indústria terá que fazer investimentos extras para abastecer o mercado interno, que seguindo a tendência mundial terá que adicionar tanto ao óleo diesel quanto à gasolina um percentual de biocombustível. “Paralelamente teremos que construir um complexo industrial para abastecer os 800 milhões de litros de biodiesel para misturar com o diesel e 244 mil toneladas de bioetanol para adicionar à gasolina”, estima ele. As leis número 26.093 e 26.334 determinaram o percentual de 5% de mistura nos combustíveis e estipularam janeiro de 2010 como data-limite para o cumprimento da medida. A proximidade da data não foi suficiente para pôr o processo em marcha, mas a indústria não vê problema sério nisso.