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Biodiesel de algas: Novidade com história


BiodieselBR - 05 nov 2007 - 15:31 - Última atualização em: 23 jan 2012 - 11:20

Novidade com história


Fundada em 2004, a Community Fuels para a qual Guay trabalha é apenas uma na ampla constelação de empresas surgidas para tentar abocanhar uma fatia do nascente mercado dos biocombustíveis. A ampla maioria dessas novas companhias – ou starts-ups, como são chamadas nos EUA – tem um jeitão um pouco parecido com o que algumas das atuais gigantes da tecnologia tinham quando foram fundadas nas garagens do Vale do Silício, algo na linha do “uma idéia na cabeça”. São elas que estão retomando a pesquisa com microalgas que o Departamento de Energia dos Estados Unidos deixou pela metade em 1996.

Como outras tantas “grandes novidades” no setor de biocombustíveis, a tecnologia que permite o aproveitamento das microalgas para a produção de biodiesel está mais para uma redescoberta do que para um fato novo. O roteiro, como na imensa maioria dos casos, é razoavelmente parecido com o do Proálcool: uma tecnologia promissora desenvolvida durante os anos 70 para responder aos desafios da crise do petróleo e que acabou engavetada, ou quase, enquanto o preço dos combustíveis fósseis se manteve em patamares civilizados. No caso das microalgas, o “Proálcool” da vez foi o Programa de Espécies Aquáticas (ASP, na sigla original em inglês), esforço de pesquisa comandado pelo Laboratório Nacional de Energias Renováveis – uma divisão do Departamento de Energia do governo dos Estados Unidos – entre 1978 e 1996. Praticamente doze anos depois do encerramento das atividades, as descobertas sintetizadas no relatório final do programa ainda podem ser consideradas o estado da arte nesse campo.

Embora o objetivo original do programa fosse descobrir formas de utilizar as algas para produzir hidrogênio, rapidamente os pesquisadores do ASP perceberam que desafios técnicos em relação ao biodiesel de algas eram significativamente maiores e redesenharam a iniciativa ainda no começo dos anos 80. Ao longo de quase 20 anos de pesquisas, o ASP estudou novas tecnologias e adquiriu conhecimentos na área. Eles também identificaram espécies de algas que apresentassem bom potencial produtivo – as 300 descobertas mais promissoras foram reunidas numa coleção que, com o encerramento do programa, acabou transferida para a Universidade do Havaí.

Entretanto, conforme os preços do barril de petróleo foram recuando para níveis mais modestos, os pesquisadores começaram a ter dificuldades para viabilizar o novo produto economicamente. Em última instância, foi isso o que enterrou o programa governamental. Mas isso foi há 12 anos, época em que o mercado prendia o fôlego caso o barril de petróleo chegasse perto da marca dos US$ 30. Agora que o mesmo barril está rondando os US$ 140 a viabilidade econômica se tornou um sonho ao alcance da mão.