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PBio adia produção comercial de biodiesel no RN para setembro


Tribuna do Norte - 29 jul 2014 - 09:41
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A Petrobras adiou para setembro o início das operações comerciais da usina de biodiesel da companhia no município de Guamaré (RN). Inaugurada oficialmente em 19 de maio de 2006, a usina, que é experimental, tinha previsão de iniciar as atividades em caráter comercial no primeiro semestre de 2013. Em setembro do ano passado, a estatal chegou a anunciar uma nova data de abertura, prevista para o início de 2014, o que não se efetivou. Agora, a nova data da estatal é setembro.

Com investimento de R$ 5,1 milhões e capacidade de produção de 20 milhões de litros, a nova usina dependerá de matéria-prima de fora do Estado, já que a produção potiguar de mamona e girassol vem sendo duramente atingida pelas secas registradas nos três últimos anos.

Quando implantada em caráter experimental, a usina tinha como objetivo amadurecer e consolidar tecnologias para a produção de biodiesel a partir da mamona e de outras oleaginosas típicas do Brasil. Na época da inauguração, a Petrobras informou que o cultivo de oleaginosas que serviriam de insumo para a produção de biodiesel deveria gerar emprego e renda para cinco mil famílias no Rio Grande do Norte. A estimativa da companhia em 2006 era de que seriam cultivadas no Estado áreas de 11.500 hectares de mamona e 1.500 hectares de girassol para o fornecimento de matéria-prima após o início da produção em escala industrial. 

Em nota, a estatal informou que a Petrobras Biocombustível está concluindo atualmente a adaptação da unidade experimental para produzir comercialmente e que em setembro a usina de Guamaré terá utilização mista, ou seja, “terá foco na venda ao mercado e continuará servindo de plataforma para o desenvolvimento tecnológico na área de biodiesel”. 

“A unidade terá capacidade para produzir 20 milhões de litros de biodiesel, o que corresponderá a cerca de 70% do mercado de biodiesel do Rio Grande do Norte, já considerando o aumento da mistura obrigatória B7 [inclusão de 7% do combustível no diesel, prevista para 1º de novembro]”, registrou a assessoria de imprensa da companhia em nota.

A estatal informou ainda que, “quando entrar em operação comercial, a unidade utilizará matérias-primas competitivas, considerando possibilidades de suprimento local e regional”. 

A reportagem procurou a Petrobras no final da tarde de ontem para saber os motivos dos adiamentos da entrada em operação comercial da usina, mas a companhia não pôde responder até o fechamento da edição e informou que daria as respostas hoje. Questionada, a estatal não fez comentários sobre a oferta de matéria-prima no RN, para a usina.

Inexistente
Embora tenha data marcada para abrir comercialmente em setembro, a usina de biodiesel da Petrobras Biocombustível em Guamaré precisará trazer matéria-prima de fora do Estado. De acordo com o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Pesca,  Tarcísio Bezerra Dantas, a produção do Rio Grande do Norte “é mínima, para não dizer quase inexistente” e não há nada que sinalize mudança no quadro, ao menos em curto prazo.

Procurado pela Petrobras em 2013 para viabilizar uma maneira de suprir a usina com matéria-prima do RN, o Governo do Estado tem um projeto em fase de estudos que poderia fornecer cerca de 8% da demanda com algodão irrigado. De acordo com Tarcísio Bezerra Dantas, o estudo em elaboração prevê incentivos a produtores para chegar a uma produção de 5 a 10 mil hectares de algodão irrigado. “Mas em função dos anos de seca, não foi possível tocar essa questão à frente”, explicou. 

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística mostram que, de 2009 a 2013, o volume de mamona produzido no RN caiu de 16 para 5 toneladas, enquanto que o de girassol saiu de 1,24 mil toneladas para 15 toneladas.

Não existe mais plantio de mamona e girassol no RN, conforme explica o analista de Mercados de Produtos Agrícolas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Luiz Gonzaga. Segundo ele, o motivo é a seca. “Se tivemos problemas para cultivar feijão e milho, imagina qual o produtor que vai querer plantar essas matérias-primas”, explicou. 

Para ele, a solução é um trabalho envolvendo produtores e a estatal. “Em um ano normal de inverno, pode ser que, num trabalho da Petrobras junto com as produtores, a produção seja retomada”, disse.

Com adaptações BiodieselBR.com