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Executivos ameaçam deixar conselho de administração da Agrenco


iG São Paulo - 11 nov 2011 - 12:34 - Última atualização em: 29 fev 2012 - 12:14

Apontada frequentemente como símbolo negativo da febre de aberturas de capital em 2007, a Agrenco enfrenta mais um revés na sua conturbada tentativa de reestruturação. Interessados em viabilizar a recuperação, os executivos do conselho de administração da Agrenco entraram em rota de colisão com os credores, que pressionam por uma liquidação efetiva de todos os ativos. Diante do impasse, os executivos ameaçam deixar a empresa a qualquer momento.

“Credores e executivos da Agrenco deveriam ter se reunido ontem (quinta-feira) para tentar um novo acordo. Mas, o conselho de administração não participou da reunião, que ficou restrita aos credores. As chances de resolver esse disputa com uma solução que agrade ambas as partes é cada vez menor", diz uma fonte envolvida nas negociações.

Procurada pelo iG, a assessoria de imprensa afirmou que a empresa não iria se pronunciar. Mas, em comunicado divulgado nesta sexta-feira, a empresa confirmou que "os credores das subsdiárias da Agrenco informaram não ter interesse na realização de aportes no fundo de investimento em participações, apesar das sucessivas rodadas de negociação". Sem o aporte dos credores, a Agrenco não tem o capital de giro necessário para implementação de um novo plano de negócios.

Alegando a necessidade de preservar a operação brasileira enquanto  procura alternativas viáveis para a recuperação da empresa, a Agrenco anunciou ainda a "paralisação total das plantas industriais e o desligamento de parte de seus colaboradores".

Há pouco menos de um mês, a Agrenco divulgou, com quase 60 dias de atraso, os resultados financeiros relativos ao segundo trimestre. A companhia registrou no período um prejuízo líquido de R$ 24,8 milhões no período - valor 55% menor do que o observado no segundo trimestre de 2010, quando foi apurado resultado negativo de R$ 55,1 milhões.

A Agrenco foi um dos símbolos da onda de aberturas de capital ocorrida na Bovespa em 2007. Estreou diretamente no Novo Mercado, grupo de empresas tidas como exemplares na governança corporativa. Poucos meses depois, no entanto, uma sucessão de problemas - atraso no pagamento de fornecedores, denúncias de crimes como sonegação fiscal e lavagem de dinheiro por parte de alguns de seus executivos, além da crise econômica global - a jogaram na lona. A negociação de suas ações chegou a ser suspensa na Bovespa porque a empresa não cumpriu prazos para a publicação de seus balanços.

A empresa entrou em processo de recuperação judicial em setembro de 2008. Depois disso, a Agrenco deu início às atividades de uma de suas duas unidades de beneficiamento de oleaginosas e produção de biodiesel, localizada em Alto Araguaia (MT). Esse passo era considerado fundamental, já que ambas as plantas da empresa sequer haviam começado a operar até então, o que tornava limitadíssima a capacidade da companhia de gerar receita - e, portanto, de pagar seus credores de acordo com o cronograma acertado com a Justiça. A outra fábrica da empresa, ainda inacabada, fica em Caarapó (MS).

Carla Falcão

Tags: Agrenco