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Cargill entra no mercado brasileiro de biodiesel: “estamos chegando!”


BiodieselBR.com - 21 ago 2012 - 18:26
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“Estamos chegando!”, o chamativo slogan começou a circular na semana passada – inclusive no portal BiodieselBR – e foi bolado pela direção da Cargill para avisar o setor que ela já está pronta para fazer sua estreia no mercado brasileiro de biodiesel. Pois o dia chegou: hoje (21) a empresa anunciou oficialmente que é a mais nova fabricante de biodiesel do país.

O anúncio não pega o mercado totalmente desprevenido. Afinal, no final do mês passado a multinacional obteve o Registro Especial para Produtor de Biodiesel da Receita Federal – último passo do processo burocrático para que uma nova usina possa participar dos leilões de biodiesel da ANP –, mas coloca um ponto final em vários meses de especulação por parte das concorrentes sobre quando a gigante do setor de commodities agrícolas faria seu movimento.

Com 252 milhões de litros de capacidade anual, a fábrica entra no mercado como a 6ª maior unidade brasileira. No total, foram investidos R$ 130 milhões para erguer as instalações usando a mesma tecnologia alemã que a Cargill já adota em outros países – ela tem usinas de biodiesel na Argentina, Alemanha, Bélgica e Estados Unidos – e já está adaptada para atender às novas especificações do biodiesel introduzidas em maio pela ANP.

Para receber esse investimento foi selecionado o município de Três Lagoas (MS). Localizado quase na fronteira entre o Mato Grosso do Sul e São Paulo, a cidade fica no meio do caminho entre as regiões fornecedores de matéria-prima e os principais mercados consumidores de óleo diesel do Brasil. Além disso, a cidade é uma das raras a oferecer modais logísticos rodoviário, ferroviário e hidroviário, o que favorece o escoamento da produção. 

O elo que faltava
“Dá para dizer que esse era o elo que estava faltando”, comemora o gerente comercial de biodiesel, Elcio de Angelis. Em entrevista exclusiva para BiodieselBR ele contou que o projeto demorou três anos para se tornar realidade. “Agora temos a cadeia da soja toda integrada”, completa.

Segundo o diretor comercial para mercado interno da unidade de negócio de grãos e processamento de soja, Max Slivnik, a Cargill optou por deixar que o mercado brasileiro amadurecesse um pouco mais antes de investir nele. “Esse ainda é um mercado bastante jovem e ele tinha uma série de incertezas quando foi lançado”, diz, lembrando que, no cronograma original do governo, o B5 só deveria ser adotado no ano que vem.

Mesmo reconhecendo que esse não seria o melhor momento da indústria nacional do biodiesel, os entrevistados apontam que há boas perspectivas para a aprovação do novo marco regulatório. “A Cargill está otimista em relação ao aumento da mistura”, diz Slivnik, ressaltando que a expectativa da companhia é que o B7 chegue ainda durante o segundo trimestre do ano que vem.

Selo Combustível Social
Antes mesmo da inauguração da usina a empresa já vinha atuando de forma intensa com a agricultura familiar e já possui contratos assinados com um grupo de 1.100 pequenos produtores para o fornecimento de matéria-prima para a usina. 

Ao contrário de outras usinas que vêm conjugando seus esforços junto aos agricultores familiares com iniciativas de incentivo à oleaginosas alternativas, o projeto da Cargill se baseia exclusivamente na soja. “Dá para fazer coisas muito boas trabalhando com soja”, comenta de Angelis. Ele conta que o projeto de agricultura familiar da empresa inclui agricultores que plantam apenas um hectare de soja.

Embora ressalte que não tenha como garantir, de Angelis diz que empresa está confiante de obter o Selo Combustível Social junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) ainda a tempo de participar do 27o Leilão de Biodiesel da ANP que deverá acontecer no próximo mês. “Esperamos o anúncio do MDA para os próximo dias”, adianta o entrevistado.

Expansão?
Questionados se a empresa já pensa em outros investimentos na área, os entrevistados garantem que a resposta é não. Pelo menos por enquanto, essa deverá ser a única usina da Cargill no país. 

Fábio Rodrigues
Tags: Cargill Usinas