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Biodiesel 'brota' na 'Terra dos Monólitos'


BiodieselBR - 26 abr 2012 - 10:42
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Quixadá.
Uma das três usinas pertencentes exclusivamente ao parque produtor de biodiesel da Petrobras instalado no País encontra-se no distrito de Juatama, neste município do Sertão Central cearense - as outras duas estão localizadas na Bahia e em Minas Gerais. O empreendimento tem capacidade de produção de 108 milhões de litros por ano e atende, além do Ceará, os Estados do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba.

A unidade tem como principais insumos para produzir o biodiesel plantas oleaginosas (mamona, algodão, soja e girassol) oriundas da agricultura familiar e Óleo e Gorduras Residuais (OGR), que, em sua maioria, é coletado em restaurantes, hotéis, padarias, lanchonetes, bares e residências de Fortaleza.

"A concepção do biodiesel está dentro da política do governo de incentivar uma matriz energética renovável. Ela incorpora aspectos de natureza ambiental e social muito fortes. Em relação à questão social, a Petrobras implantou suas três usinas no Semiárido, a região historicamente mais desfavorecida do País. Além do mais, esse segmento energético utiliza as oleaginosas que se adaptam ao clima e são adquiridas a partir da agricultura familiar", explica Francisco de Assis Costa, gerente da usina de Juatama.

Promissor
No tocante ao OGR, Assis defende que se trata de um segmento promissor sob todos os aspectos. "Até então, o OGR era lançado nos esgotos, causando enormes transtornos no tratamento dos efluentes e encarecendo bastante esse processo, com enorme prejuízo ambiental. O uso desse óleo para produzir energia retira esse poluente dos esgotos, tem um preço competitivo - já que antes era descartado e agora é utilizado como matéria prima - e ainda gera renda, já que o adquirimos através das redes de cooperativas de catadores".

Pouca demanda
Como se trata de uma iniciativa relativamente nova - a usina funciona apenas há quatro anos -, a Petrobras ainda se ressente da demanda de ORG. "A coleta aqui no Ceará é muito insipiente. Em parceria com os catadores, o Governo do Estado e as prefeituras, a Petrobras vem incentivando essa atividade", relata Assis.

No Ceará, cerca de 30 mil agricultores - todos só podem ter no mais três hectares de terra - estão cadastrados para a produção e venda de oleaginosas à Petrobras. A vantagem é que a figura do atravessador foi definitivamente afastada. O participante recebe o dinheiro relativo à produção diretamente na sua conta bancária, com a garantia de que tudo que produzir será adquirido por um preço mínimo. Além disso, recebe a semente, a assistência técnica e também a correção do solo.

O caminho do óleo

Para aumentar a produção dos grãos, a Petrobras firmou convênio com a Universidade Federal do Ceará (UFC) para fazer o tratamento da terra. Cada unidade de agricultura familiar cadastrada no programa recebe o tratamento no seu solo, com base nos preceitos da agroecologia, para que a terra produza mais e, dessa forma, o participante consiga aumentar mais ainda sua renda.

Ao chegar à unidade, o óleo passa primeiramente pelo setor de pesagem. Em seguida, uma mostra é recolhida ao laboratório. Só após a confirmação técnica de que está de acordo com as normas estabelecidas no contrato, o negócio é fechado.

A partir daí, já pertencente á Petrobras, o óleo é levado para a Unidade de Transferência e Estocagem, passa para a unidade de refino, de onde são retiradas as impurezas e depois segue para a produção propriamente dita do biodiesel.

As chamadas impurezas não são desperdiçadas. Na usina de Juatama tudo se aproveita. A glicerina extraído do OGR, por exemplo, é comercializado com a indústria de higiene e limpeza para a fabricação de sabão.

A usina possui, além dos gigantescos tanques, onde são armazenadas a matéria-prima e a água, uma pequena estação meteorológica que fornece dados da área, como temperatura, velocidade dos ventos e índice pluviométrico.

A Petrobras plantou 10 mil mudas numa área de 4,5 hectares ao lado da usina. Uma empresa foi contratada para fazer o manejo. Essa foi a contrapartida dada à Semace para receber a licença ambiental da usina.

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FERNANDO MAIA
Fonte: Diário do Nordeste
Tags: Pbio Quixadá